O empresário Joe Berardo foi detido, esta terça-feira de manhã, pela Polícia Judiciária, por suspeita de burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento de capitais. Além do empresário, também o seu advogado André Luiz Gomes foi detido.
Em causa estará a forma como conseguiu obter financiamento de três bancos, além do esquema que terá montado para escapar ao pagamento dos credores, que "causou um prejuízo de quase mil milhões de Euros à CGD, ao Novo Banco e ao BCP",
Sublinhe-se que ainda em 2015, só a CGD tinha uma exposição à Fundação Berardo de cerca de 268 milhões de euros.
Joe Berardo, apurou o Nascer do Sol, será ouvido ainda esta terça-feita, pelo juiz de intrução criminal Carlos Alexandre.
“No âmbito de um inquérito dirigido pelo Ministério Público do Departamento Central de Investigação e Ação Penal estão em curso cerca de meia centena de buscas, sendo 20 domiciliárias, 25 não domiciliárias, três a estabelecimentos bancários e uma a escritório de advogado, tendo ainda sido emitidos dois mandados de detenção”, lê-se no comunicado da PGR.
Estas diligências decorrem em vários locais do país, nomeadamente, em Lisboa, Funchal e Sesimbra.
"No inquérito investigam-se matérias relacionadas com financiamentos concedidos pela CGD e outros factos conexos, suscetíveis de configurar, no seu conjunto e entre outros, a prática de crimes de administração danosa, burla qualificada, fraude fiscal qualificada, branqueamento e, eventualmente, crimes cometidos no exercício de funções públicas", informou ainda a Procuradoria.
As diligências estão ser executadas pela Polícia Judiciária, com a intervenção de 138 elementos desta força policial, acompanhados de 9 magistrados do Ministério Público, 7 Juízes de Instrução Criminal e 27 inspetores da Autoridade Tributária, "a maioria dos quais foram alocados apenas para a concretização desta operação, não tendo a equipa de investigação do processo esta composição".
No mesmo comunicado, a PGR fez saber que "não obstante o empenho e investimento do DCIAP e da Procuradoria-Geral da República, bem como da PJ e de toda a equipa na investigação do inquérito em curso e a gestão racional e eficaz que foi realizada dos meios à disposição de todos, não se logrou assumir a celeridade desejável, apenas por carência de meios técnicos e outros ajustados à natureza, dimensão e complexidade da investigação".
Recorde-se que em maio de 2019, durante uma audição na comissão parlamentar, Joe Berardo garantiu: “Eu pessoalmente não tenho dívidas, tenho tentado ajudar. Claro que não tenho dívidas”.
Veja aqui o momento no vídeo partilhado na altura no Twitter da Esquerda.net.
“Eu pessoalmente não tenho dívidas”, diz Joe Berardo na Assembleia da República em resposta a @MRMortagua. pic.twitter.com/TYRQgu8VUS
— esquerda.net (@EsquerdaNet) May 10, 2019