100 anos do Partido Comunista chinês

O Presidente chinês alertou que o país não se vai ‘subjugar’ ao domínio das forças estrangeiras e promete a reunificação de Taiwan com a China. Para Xi Jinping, é a missão do partido. 

«Ninguém deve subestimar a determinação, forte de vontade e extraordinária capacidade do povo chinês para defender a soberania», alertou o secretário-geral do Partido Comunista chinês (PCC), que esta quinta-feira celebrou o seu centésimo aniversário.

O Presidente da China, Xi Jinping, garantiu ainda que «o povo chinês nunca permitirá que qualquer força estrangeira abuse, oprima ou subjugue» o seu país. «Quem tentar, vai esbarrar numa grande parede de aço forjada por mais de 1,4 mil milhões de chineses», disse durante as celebrações do centenário do partido, recebendo uma enorme ovação perante as cerca de 70 mil pessoas reunidas na icónica praça Tiananmen, no centro de Pequim. O discurso de Jinping durou mais de uma hora e foi precedido por uma salva de cem tiros.

«Reunificar» Taiwan e a China
Para além deste alerta para a comunidade internacional, o líder chinês prometeu que a China vai «trabalhar para salvaguardar a paz mundial, contribuir para o desenvolvimento global e preservar a ordem internacional» e prometeu a «reunificação» com Taiwan.

«Resolver a questão de Taiwan e conseguir a reunificação completa da China é uma missão histórica e um compromisso inabalável do PCC», disse o Presidente. «Devemos tomar medidas resolutas para derrotar completamente qualquer tentativa de ‘independência de Taiwan’ e trabalhar em conjunto para criar um futuro brilhante para o rejuvenescimento nacional».

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Joseph Wu, já tinha alertado para um «possível conflito militar» e para o «aumento da intimidação militar da China sobre Taiwan». O alerta de Wu chegou dias depois de o Ministério da Defesa de Taiwan ter denunciado a passagem de 28 aviões de combate da República Popular da China na Zona de Defesa Aérea do país na terça-feira. Este foi o maior número de aviões de combate de Pequim desde que as incursões sobre a República da China começaram a ser divulgadas por Taiwan em setembro de 2020.

Durante o discurso do centenário, o Presidente adiantou que «a China vai fornecer às suas forças armadas uma maior capacidade e meios mais fiáveis», traçando o objetivo: «Temos de acelerar a modernização da defesa nacional. Um país forte deve ter um exército forte».

Um ano da Lei de Segurança Nacional
Outra efeméride a apontar é o primeiro aniversário da Lei de Segurança Nacional, assinalada esta quarta-feira, lei imposta pela Assembleia Nacional Popular, o órgão máximo legislativo da China, após a região semiautónoma da China, Hong Kong, ter sido abalada por protestos pró-democracia, em 2019. Segundo o Governo chinês, a lei tem como objetivo prevenir atos de «secessão», «subversão do poder do Estado», «terrorismo» e «conluio com forças estrangeiras ou externas para pôr em perigo a segurança nacional».

No primeiro ano de vigência desta lei, as autoridades de Hong Kong acabaram por prender mais de 100 pessoas e mais de 60 foram acusadas de desrespeitar a lei de Segurança Nacional. A legislação teve como alvo os meios de comunicação e levou recentemente ao encerramento do jornal pró-democracia, Apple Daily. A polícia local congelou os bens do jornal. Impossibilitados de pagar as suas despesas e aos funcionários, foram forçados a sair pela última vez na semana passada.

«A Lei de Segurança Nacional colocou Hong Kong no percurso para se tornar rapidamente num estado policial e criou uma emergência de Direitos Humanos para as pessoas que vivem lá», avisou Yamini Mishra, diretor regional para a Ásia-Pacífico da Amnistia Internacional.