Não é novidade que o turismo foi uma das atividades mais afetadas pela crise pandémica e os mais recentes dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) não deixam margem para dúvidas: o ano 2020 trouxe consigo uma “contração da atividade sem precedente histórico”.
O INE estima que, no ano passado, o número de chegadas a Portugal de turistas não residentes tenha atingido 6,5 milhões, o que corresponde a uma quebra de 73,7% face a 2019.
Ainda no ano em análise, diz o gabinete de estatística que foram registados decréscimos de 61,6% no número de hóspedes e de 63,2% no número de dormidas nos estabelecimentos de alojamento turístico (hotelaria, alojamento local e turismo no espaço rural/habitação), após acréscimos de 7,9% e 4,6% em 2019.
Impacto que se fez notar no indicador proveito médio por dormida, que em 2020 caiu 9,4%, atingindo os 41,7 euros (46 euros em 2019).
As maiores quebras no proveito médio por dormida foram registadas nos meses de maio (-31,5%) e abril (-28,8%), que foram também os que registaram maiores diminuições no número de dormidas (-96% e -97,8%, respetivamente).
Segundo o gabinete de estatística, considerando a generalidade dos meios de alojamento turístico, no ano passado registaram-se 11,7 milhões de hóspedes que proporcionaram 30,3 milhões de dormidas. Números que representam quebras de 60,4% e 61,1%, respetivamente.
No caso dos estabelecimentos de alojamento turístico (hotelaria, alojamento local e turismo no espaço rural/habitação), foram registados 10,4 milhões de hóspedes (-61,6%) e 25,8 milhões de dormidas (-63,2%). Os proveitos totais ascenderam a 1,4 mil milhões de euros (-66,3%) e os de aposento a 1,1 mil milhões de euros (-66,7%).
O INE é claro: “A redução do volume de negócios da atividade do turismo não decorreu apenas de um efeito quantidade”. Isto porque “também se assistiu em geral à redução de preços”. De acordo com o Inquérito à Permanência de Hóspedes na Hotelaria e outros alojamentos nos estabelecimentos de alojamento turístico, o proveito médio por dormida diminuiu 9,4% e atingiu 41,7 euros.
A ajuda do mercado interno Os responsáveis pelo setor turístico de várias zonas portuguesas já o tinham dito e o INE vem confirmá-lo. Apesar das quebras face a 2019, o mercado interno foi uma grande ajuda para que o setor turístico não apresentasse números piores. Assim, no ano passado, os residentes em Portugal realizaram 14,4 milhões de deslocações turísticas, o que correspondeu a um decréscimo de 41,1%. No ano em análise, 39% da população residente em Portugal realizou pelo menos uma viagem turística, o que representou uma diminuição de 14,1 p.p. face a 2019, correspondendo a 4 milhões de indivíduos.
No que diz respeito ao mercado externo, Espanha manteve-se como o principal mercado emissor de turistas internacionais (quota de 28,5%), tendo registado, ainda assim, uma quebra de 70,5% em 2020. Já o mercado francês (16,3% do total) foi o segundo principal mercado emissor, tendo registado uma diminuição de 66%. Destaque ainda para os turistas do Reino Unido (quota de 12,7%) que derraparam 78,3% em 2020, enquanto o mercado alemão (8,5%) diminuiu 71,7%.