Tiago Barbosa Ribeiro é o candidato do PS à Câmara Municipal do Porto (CMP), que há mais de duas décadas escapa aos socialistas. No entanto, o jovem candidato à autarquia considera que entre a gestão socialista de Fernando Gomes, que liderou a CMP entre janeiro de 1990 e outubro de 1999, e a atual gestão de Rui Moreira, à beira do terceiro e último mandato, o Porto se transformou num donut, uma cidade com buraco ao centro, esvaziada, tanto de pessoas, em especial das classes médias jovens, como de força e representatividade política nacional. E, mais do que isso, de obras estruturantes que se vejam e se sintam numa melhor qualidade de vida dos cidadãos do Porto. Seja como for, Tiago Barbosa Ribeiro, e ainda que tenha escolhido Alberto Martins, um histórico do PS, para liderar a lista à Assembleia Municipal, aposta num conselho estratégico de cerca de 15 pessoas, na sua maior parte independentes, ou de pessoas não filiadas em partidos políticos, como gosta de corrigir.
A sua candidatura ao Porto lembra-me um filme, um clássico dos anos 50 de que vi numa versão nos anos 90, Morto à chegada. A sua candidatura é uma candidatura derrotada à chegada?
É uma ideia errada e que não corresponde àquilo que tem vindo a ser esta candidatura, e o apoio que tenho sentido ao longo destas três semanas. Em política não existem derrotas antecipadas, tal como não existem vitórias antecipadas, e o povo do Porto já mostrou, muitas vezes, que não gosta de posições arrogantes e que é capaz de surpreender os analistas que preconizam derrotas antecipadas. Estou neste combate com muita força, com muito apoio e com muita vontade de apresentar uma visão alternativa para a cidade do Porto.
Muito recentemente, Rui Rio disse que o Rui Moreira e o PS ‘estão feitos’ um com o outro e que a candidatura do PS era ‘acessória’. Doeu-lhe ouvir isto?
Não, nada. Rui Rio tem tendência para falar muito mas para acertar pouco. E não foi o PS que organizou e protagonizou um jantar com Rui Moreira para tentar chegar a um entendimento. Parece que esse jantar não terá corrido muito bem…
… mas agora Rui Rio vem desvalorizar a candidatura do PS, a sua, tomando-a como ‘acessória’. Sente-se desvalorizado?
É normal que Rio Rui sinta necessidade de atacar a candidatura do PS. Lembro que em 2013 Rui Rio e Vladimiro Feliz apoiaram a candidatura de Rui Moreira. Não me candidato para ser vereador de Rui Moreira, candidato-me com um projeto alternativo ao de Rui Moreira. E se não conto com o voto de Rui Rio, conto com os votos de muitos descontentes da gestão de Rui Moreira e que não são tradicionais eleitores do Partido Socialista.
Mas o PSD está a fazer passar a ideia de que o PS só apresenta um candidato como reação à sua própria candidatura, criando um campeonato de segundas figuras.
Percebo essa vontade do PSD, até porque está numa posição muito difícil, teve 10% na cidade do Porto nas últimas eleições, Rui Rio está numa posição muito frágil da sua liderança e quer à força fazer uma prova de vida nestas eleições autárquicas – o que não me parece que lhe esteja a correr especialmente bem –, mas confesso que estou mais focado naquilo em que estou a trabalhar e menos nos tweets de Rui Rio.
Muito recentemente, no Porto, tivemos o primeiro-ministro, lado a lado com Rui Moreira, no lançamento do concurso público para a conceção e construção do Metrobus, no troço Boavista/Praça do Império, um investimento de 66 milhões de euros suportado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Nesta vinda ao Porto, o secretário-geral do PS esteve consigo?
Obviamente que não lhe vou dizer com quem é que estou ou não estou de forma privada. E falamos de um projeto que envolve a Câmara e o Metro do Porto e onde estavam outros autarcas servidos pela gestão do Metro. O primeiro-ministro, e porque estamos em pandemia, esteve numa cerimónia relativamente restrita.
Não me respondeu se esteve com o secretário-geral do PS nos últimos dias.
Percebo a tentativa, e até percebo a curiosidade, mas não há assunto. O Partido Socialista está unido em torno desta candidatura…
… Está unido depois de ter estado desunido, e isso marcou o arranque da sua candidatura.
Não esteve desunido. O PS tem os seus tempos relativamente ao calendário autárquico. O PS tem estado concentrado no combate a uma pandemia única nas nossas vidas, e na qual também estive concentrado na Assembleia da República, na área do Trabalho e da Segurança Social, nomeadamente na dimensão dos apoios sociais. O PS faz escolhas de acordo com quem pensa que são os melhores para disputarem determinada eleição.
Temos um histórico, houve uma primeira escolha, tida como escolha do secretário-geral do partido, que não passou na concelhia, nem na distrital, caiu, surgiu a sua, que não foi, definitivamente, uma primeira escolha.
Acho que esse assunto não interessa nada aos portuenses. Acho que é matéria para a análise política. O que tivemos foi um processo normal de escolha do Partido Socialista, aliás, fui lendo o meu próprio nome em notícias, em março ou abril, depois também li que não queria ser candidato, sendo que nunca fiz quaisquer declarações sobre o assunto. Neste momento ninguém pode ser candidato a uma autarquia pelo PS sem ter o apoio de todo o partido. Obviamente que tenho o apoio do PS, dos socialistas do Porto e de muitas pessoas que não são do Partido Socialista.
Mas, e ainda no domínio da análise política, sente-se que no Porto há uma espécie de cordeiro dado em sacrifício.
Os analistas passam muito tempo em Lisboa e vêm pouco ao Porto, e a 300 quilómetros de distância é difícil perceber o que se passa na cidade e com os socialistas do Porto, no que é mais um problema dos analistas do que dos socialistas do Porto.
O PS vive um momento de relativa acalmia, é poder, tem um projeto de poder, ou, e se quisermos ser benevolentes, um projeto para o país, mas, e enquanto partido, tem vida própria e Tiago Barbosa Ribeiro é visto como um elemento de uma determinada ala dentro do PS. O seu resultado no Porto, também por isso, pode ter outras leituras?
Também vou lendo sobre isso, é um assunto que acompanho com algum interesse, também aí na dimensão que lhe é dada pelos analistas, e não percebo como é que algumas questões são colocadas. Uma candidatura do PS, quer seja no Porto, quer seja em Lisboa, é de todos os socialistas. E temos um secretário-geral que, espero eu, fique por muitos e bons anos.
Disse que espera que este secretário-geral fique por muitos e bons anos, quer dizer que ficaria surpreendido se no próximo congresso, por exemplo, António Costa dissesse que não é candidato a primeiro-ministro nas próximas legislativas, em 2023?
Se eu ficaria surpreendido? Ficaria profundamente surpreendido. O secretário-geral e primeiro-ministro está na liderança do partido e do Governo e, obviamente, e na medida da sua vontade e da sua disponibilidade, deve continuar a disputar eleições para continuar a liderar o Governo.
Falou dos jornalistas e analistas que estão em Lisboa e não conhecem o Porto, o ‘Porto sentido’ de que falava Rui Veloso, e desse Porto sentido por onde anda, que sinais é que está a colher sobre a gestão do atual presidente da CMP?
É uma gestão que dececionou muita gente, e tem dececionado sobretudo os portuenses. No final de oito anos de gestão de Rui Moreira não temos um verdadeiro projeto estruturante concretizado na cidade. O Porto perdeu cerca de 20 mil habitantes durante a gestão de Rui Moreira. Quando vemos os problemas da habitação – que considero o problema número um da cidade – mas também outros, como o da mobilidade, ou quando vemos a inação do que pode vir a ser a captação de fundos no âmbito do PRR. Com tudo isto, percebemos que o atual presidente da Câmara do Porto não tem respondido àquilo que é uma missão de cidade e à dimensão de que a cidade do Porto politicamente tem de ter, e que vai muito para além da sua situação geográfica. São oito anos em que o Porto enfraqueceu, se desvitalizou. Do ponto de vista económico, ficou muito dependente do turismo, com todas as consequências que isso implicou, não só no âmbito da pandemia, mas também naquilo que tem tido a grande pressão sob a habitação ou da deslocalização de moradores. Dou-lhe um exemplo que todos compreendem, sejam portuenses ou não: no final do ano passado, em 2020, estavam em processo de licenciamento na Câmara do Porto 84 novos hotéis, a sua esmagadora maioria no centro histórico. Ora, nenhum turista vem ao Porto para ver outros turistas.
Está a dizer-me que se está a perder o património imaterial do Porto…
… Que tem a ver com a impossibilidade de os portuenses viverem na cidade. A pressão do preço dos imóveis não permite que um jovem que ganha um salário mínimo ou mesmo um salário médio, ou um jovem casal, possam viver no Porto, a nenhum deles é permitido viver no Porto.
É curioso que os problemas que está a identificar no Porto são praticamente os mesmos que se podem identificar em Lisboa, dirigida por um autarca socialista.
A resposta que a Câmara de Lisboa tem dado é um bom exemplo. Tem dado resposta com o Programa de Renda Acessível, um programa de arrendamento para a classe média, que não existe no Porto. Deu um bom exemplo quando, durante a pandemia, investiu mais de 60 milhões de euros no apoio ao comércio local, enquanto a Câmara do Porto investiu menos do que municípios com muito menos músculo financeiro como Vila Nova de Gaia, Matosinhos ou Sintra. Dou ainda como exemplo o que tem sido feito para aliviar a pressão turística, com um regime de contenção de novos licenciamentos, nomeadamente de AL (Alojamento Local), e que no Porto foram liberalizados. Tem aqui vários exemplos de como uma gestão socialista, e no caso a Câmara de Lisboa, tem vindo a abordar estes problemas de forma diferente.
Falamos então dos habitantes que a cidade perdeu…
Perdeu 20 mil habitantes nos últimos oito anos, e perdeu 7466 eleitores em quatro anos…
… No que também não é só uma realidade do Porto.
Mas sou candidato à Câmara Municipal do Porto.
E temos no Porto uma população envelhecida, pobre, e a população jovem que existe não consegue viver na cidade, porque também é pobre…
… Não apenas pobre. O que se está a passar na cidade do Porto é um processo de esvaziamento da estrutura intermédia da pirâmide, digamos assim. Neste momento temos uma cidade com profundas clivagens sociais medidas pelo acesso à habitação. Temos um grande parque de habitação. Ao fim de oito anos de gestão de Rui Moreira, não temos um verdadeiro projeto estruturante concretizado na cidade. O que nós não temos é um programa de habitação para as classes médias, aqueles que não são pobres entre os mais pobres, aqueles que vivem de um salário médio, que ganham 700, 800 ou mil euros e que não conseguem viver no Porto, porque não se consegue viver quando dois terços do salário são para pagar a renda. No final ano passado, no Porto, e num contexto de elevadíssima pressão, os preços do metro quadrado aumentaram em média 16,6%.
Esse problema está identificado e quais são as soluções que preconiza para o resolver?
Há várias, dou várias soluções que podem ser apresentadas e concretizadas. A primeira diz respeito ao PRR: vamos ter mais 2,5 mil milhões previstos para a área da habitação e as primeiras 26 mil casas a serem construídas serão financiadas a 100% pelo PRR. Não sei o que é que Câmara está a fazer quanto a isto e noutras áreas do PRR. Presumo que nada, porque nada foi anunciado.
Estamos a falar de um investimento do Governo central…
… Que as câmaras executam. Um terço da execução tem de ser através de programas mobilizados nos municípios. A Câmara do Porto tem de criar uma estrutura para acompanhar candidaturas e projetos que sejam elegíveis no âmbito do PRR. Não pode estar à espera que as coisas lhe batam à porta, é também por isso que elegemos localmente. Mas há ainda outras possibilidades de que gostaria de lhe falar, é possível mobilizar parcerias com, e por exemplo, o património da Segurança Social ou do Ministério da Defesa, alguns quartéis, mas também com o maior proprietário e senhorio da cidade, que é a Santa Casa da Misericórdia do Porto, que tem muitos imóveis, muitos terrenos e com quem já reuni, e com quem é possível apresentar um programa de terrenos, de construção e de imóveis para as classes médias com a participação do município.
Sempre que falo com um candidato a uma autarquia, as soluções para os problemas são apresentadas como uma espécie de ovo de Colombo, resulta tudo em algo muito simples, mas nunca foram feitas. No caso do Porto, e na sua opinião, por que razão não foram feitas?
Porque há visões ideológicas que se diferenciam nesta questão. Há pessoas para quem o direito à habitação não é um direito fundamental, não é um direito social fundamental, para mim, é. Para Rui Moreira e para a sua equipa, que mais parece um bazar da direita, entre gente do CDS e gente da Iniciativa Liberal, não será uma prioridade. Quando Rui Moreira e a sua equipa liberalizam o processo de licenciamento de Alojamentos Locais é uma posição ideológica. Quando entende que é a lei do mercado que deve determinar os processos de expansão de novas unidades hoteleiras no centro histórico, retirando muita daquela população, temos aí uma visão ideológica. E no caso da habitação é possível com vontade e com iniciativa encontrar os mecanismos que permitam, não será com uma varinha de condão, mas com tempo e iniciativa podemos resolver o problema, ou pelo menos mitigá-lo. O que vemos é que, e quase uma década depois, este problema não só não se resolveu como se agravou exponencialmente.
A sua aposta passa pela criação de habitação para…
… Rendimentos médios. Sim. E também para algo que faz parte da tradição do Porto, que são as cooporativas de habitação, a que é necessário dar uma nova dinâmica, e que tem uma tradição muito sólida na cidade do Porto. O que implica que a CMP, através de terrenos municipais, possa apoiar iniciativas desta natureza.
Passemos à mobilidade, Rui Moreira tem tido um projeto consistente nesta área, ou nem por isso?
Diga-me qual? Vai falar-me Fernando Gomes?
Mas foi Fernando Gomes (e o Partido Socialista) quem lançou o Metro do Porto, que, na altura, a oposição e dirigentes como Rui Rio acusavam de ser um ‘Metro de papel’, porque não saía do papel, mas que hoje é estruturante na mobilidade metropolitana. E o maior projeto e o processo de expansão da rede de Metro, no valor de 500 milhões de euros, que está neste momento em curso, é de iniciativa do Governo central. Quando fala das medidas de Rui Moreira… olhe, não conheço nenhuma.
Entre o fim dos mandatos de Fernando Gomes, passando pelos mandatos de Rui Rio e entrando no terceiro mandato de Rui Moreira…
… Para ser o terceiro mandato tem de ser reeleito, o que ainda não aconteceu.
Feita a correção, o que agradeço, temos quase duas décadas em que no Porto nada foi feito digno de nota, mas a verdade é que a cidade se transformou numa das melhores cidades do mundo de acordo com inúmeras publicações turísticas, como é que isto se explica?
Estamos a misturar assuntos. Vamos lá ver, os portuenses, e eu sou um deles, temos uma paixão tremenda pela cidade. A cidade do Porto é mesmo a melhor cidade do mundo, não tenho qualquer dúvida. Tenho dito várias vezes que não me candidato à segunda autarquia do país, sou candidato à primeira autarquia do país. Todos os portuenses têm uma enorme amor pela sua cidade, uma enorme relação identitária com a cidade, uma enorme paixão, e é assim que deve ser, é assim que somos e que gostamos de ser e é assim que eu sou. Coisa diferente, e é isso que importa salientar, tem a ver com aquilo que tem sido feito pelos executivos municipais, o que é indesmentível, são factos. Passaram vinte anos desde que o Rui Rio e Rio Moreira assumiram funções na CMP e peço-lhe que me dê um exemplo estruturante, um só, após estes vinte anos. Dir-lhe-ei que não encontra nenhum. E quando se compara com Fernando Gomes, na década de 90 governou os destinos da Câmara, consigo dar-lhe vários exemplos concretos: o Porto Património da Humanidade, o Metro do Porto, a erradicação das barracas a 100%, o Coliseu, a Casa da Música, a recuperação do Rivoli, o Parque da Cidade, o Parque Oriental, entre muitas outras. Não encontro nada na governação de Rui Rio e no caso de Rui Moreira há projetos que ainda não foram concretizados: o Mercado do Bolhão, o terminal intermodal da Campanhã e a reconversão do matadouro industrial de Campanhã num centro de empresas – que estava no programa eleitoral do PS em 2013.
E relativamente às questões que Rui Moreira tem tido com a TAP, nem aí concorda com ele?
Não sei exatamente sobre o que estar ou não de acordo, depende da questão concreta.
A TAP serve o Porto?
A TAP tem servido muito mal o Porto e eu já o disse, por diversas vezes. A TAP, e como qualquer empresa pública de dimensão nacional, tem de servir o país. E neste momento existe um problema de centralista associado aquilo que é o plano de gestão de rotas da TAP, e não só no que diz respeito ao Porto, mas também em relação ao Algarve e às ilhas. Dito isto, também considero que não podemos estar dependes de uma companhia low cost, que existe porque existe procura, mas é importante perceber que a TAP foi uma porta importante do Porto na sua ligação ao mundo, e deve continuar a ser.
Tem falado do assunto com o ministro das Infraestruturas?
Várias vezes.
Tem dito, e também várias vezes, que não vai fazer do caso Selminho um dos seus argumentos de campanha, mas não se sente tentado em dizer aos portuenses que estão a pensar em votar em Rui Moreira que podem estar a votar Filipe Araújo?
Primeiro, teremos de ver qual a lista que Rui Moreira irá apresentar no tribunal e, em segundo, essa é uma explicação ou uma resposta que tem de ser dada por Rui Moreira e não por mim. O que tenho dito, e quando sou questionado, é que não farei de um caso judicial matéria de combate político. E os portuenses são pessoas tradicionalmente muito esclarecidas, sabem o que está em cima da mesa no caso Selminho.
Vamos identificar os principais problemas do Porto, depois destes vinte anos…
… De gestão de Rui Moreira e de um antigo apoiante de Rui Moreira.
A frase é sua. Mas, e em síntese, quais os principais problemas do Porto?
Aqueles de que falámos, em primeiro lugar, a habitação. O segundo é mobilidade dentro da cidade do Porto, é o caos, as pessoas perdem horas dentro da cidade. Uma terceira dimensão, e que tem muito a ver com aquilo que foi o impacto da pandemia, é a recuperação económica do Porto no pós-covid, aproveitando o PRR para mudar, de certa forma, o padrão de especialização do tecido produtivo da cidade muito ancorado no turismo. E temos outras questões como a falta de creches para os jovens casais, a falta de parques públicos, parque infantis, de jardins, de uma boa rede de ciclovias, são várias dimensões que se cruzam naquilo que tenho reputado como propostas para uma melhor qualidade de vida.
Nas últimas autárquicas, o PS, com a candidatura de Manuel Pizarro, teve 28%. Para si, o que é um bom resultado no Porto?
É o resultado que os portuenses acharem que eu mereço.
E o que acha que merece dos portuenses?
Disputo estas eleições para vencer, mas o que os portuenses decidirem será o resultado justo.
E que Porto vota PS?
O Porto, neste momento, é um donut, um buraco desvitalizado em termos de força política, extra Porto, na região, como voz autorizada no país pura e simplesmente não existe, e no Porto, cada vez mais, temos uma clivagem entre aqueles que podem aceder a habitação na cidade e aqueles que não podem, as classes médias estão fora; dito isto, conto com o Porto todo e com Porto liderante e que se reveja nos projetos que aqui descrevi. Irei anunciar nos próximos dias um conselho estratégico, um conjunto muito diversificado de personalidades, de todos os setores de atividade. Hoje apresentei, e com muita honra, o meu mandatário, o engenheiro José António Barros, ex-presidente da AEP (Associação Empresarial de Portugal) e um ilustríssimo cidadão do Porto sem filiação partidária.
Este conselho estratégico com diversos independentes é uma forma de dizer que a sua candidatura, sendo partidária, pode ser tida como tão independente quanto a de Rui Moreira?
Com certeza. É assim que o Partido Socialista sempre tem feito no Porto, é assim que nos fazemos política para além dos períodos eleitorais. No caso da candidatura de Rui Moreira – e dou os parabéns ao CDS, é capaz de ser a lista do país em que há mais presença do CDS, com dois vereadores em lugares elegíveis. No entanto, o projeto de Rui Moreira está em desintegração, porque neste momento o presidente para um conjunto de freguesias (que, e por atalho, vou chamar de centro histórico, porque não é assim que se designa, é união de freguesias do centro) tem um presidente em exercício, eleito através da lista de Rui Moreira, já anunciou que vai ser candidato à Câmara pelo Chega. A principal criação política de Rui Moreira é o candidato do Chega.
Qual é a sua relação com Jorge Nuno Pinto da Costa?
Tenho uma excelente relação com Pinto da Costa, com quem falo frequentemente. É o presidente mais titulado da história do futebol mundial e fico feliz que o seja do meu clube. Sou portista desde sempre, daqueles com as quotas em dia. Mas tenho excelentes relações com todos os clubes da cidade. O FCP é uma grande instituição, que muito tem ajudado à afirmação do Porto, a nível nacional e internacional. E envolve-se noutras causas importantes para a cidade, como o apoio que deu à nova ala pediátrica do Hospital S. João. Pinto da Costa é um amigo e um cidadão civicamente empenhado que gosto de ouvir.