Aproximadamente cem imigrantes juntaram-se, este domingo, em Lisboa para denunciar que estão a ser "tratados como lixo" e alertar para a injustiça da atribuição de autorizações de residência no sistema de senhas online do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). Em declarações à agência Lusa, Juliete Cristina, brasileira que reside em Portugal há dois anos, disse que se sentem "cansados desta situação, o maior motivo da manifestação é o desespero, obrigam-nos a estar 24 horas no sistema à procura de uma vaga, e nós somos trabalhadores, não somos bandidos, pagamos impostos, e o Governo tem de ver isso".
"Há pessoas que conseguem por sorte, outras é pagando, uma advogada tentou cobrar-me 300 euros [por uma vaga para atendimento pelo SEF], e uma pessoa num momento de desespero, depois de estar cá três ou quatro anos, acaba por pagar, mas eu não pago, porque isso é injusto", disse a imigrante à Lusa, alinhando-se com os restantes que, concentrados em Lisboa, defenderam que a atribuição de autorização de residência seja feita por ordem cronológica e que o processo seja automatizado a partir do momento em que o SEF dá 'luz verde' à receção dos documentos, que são entregues de forma digital.
Recorde-se que o ministro da Administração Interna reconheceu, no início de junho no parlamento, que há uma “apropriação ilegitima” dos agendamentos digitais no SEF destinados aos imigrantes, explicando que este sistema está neste momento em revisão. Eduardo Cabrita sublinhou que investigações internas e do Ministério Público não apuraram responsabilidade criminal, mas identificaram “praticas erróneas sobretudo de alguns escritórios de advogados que no fundo monopolizavam as aberturas de agendamento digital”, tendo sido “estabelecidos limites para o número de agendamentos feitos”.