Um protesto anti-LGBTQ junto a um spa com políticas inclusivas para a comunidade transgénero em Koreatown, um bairro em Los Angeles, no sábado, resultou em confrontos violentos e em dezenas de detenções.
Esta manifestação aconteceu pelo segundo fim de semana consecutivo junto ao salão Wi Spa, que tem sido o foco de meios de comunicação de extrema-direita depois de ter surgido um vídeo de uma cliente a queixar-se da presença de uma mulher transgénero na zona destinada a mulheres do spa.
Em resposta a este protesto, foi organizado um contraprotesto por ativistas LGBTQ o que levou as autoridades policiais a ocuparem as estradas para tentarem manter a calma, contudo, isto resultou em confrontos violentos e, como é possível ver em vídeos publicados na conta de Twitter do Observatório Internacional, a Polícia agiu com maior agressividade para com os ativistas pró-LGBTQ.
Nos vídeos publicados na rede social é possível observar polícias a disparar balas de borracha à queima-roupa contra os manifestantes, apesar de, recentemente, um tribunal americano ter restringido a utilização de determinadas armas menos letais e do lançamento de projeteis contra manifestantes, escreve o Guardian, que acrescenta que um jornalista que tentou entrevistar um manifestante de extrema-direita foi perseguido e empurrado para o chão.
O vídeo que começou estes protestos foi divulgado na Fox News, durante o programa de Tucker Carlson, onde uma mulher se queixava da política inclusiva do spa. “Ele é um homem”, pode ouvir-se no vídeo, citado pelo Los Angeles Times. “Ele não é uma mulher. Existem crianças aqui, outras mulheres podem sentir-se ofendidas por o que acabaram de ver e você [dirigindo-se aos proprietários do estabelecimento] não fizeram nada. Estão do lado deles”.
Um jornal de Los Angeles pró-LGBTQ, mencionado pelo Guardian, questionou a veracidade das alegações no vídeo e acrescentou que não é claro se, efetivamente, no momento da gravação, estava algum cliente transgénero no espaço.
No fim de semana passado já tinham existido protestos em frente ao Wi Spa, que resultou em confrontos violentos entre manifestantes pró-LGBTQ e membros da extrema-direita, apesar de as autoridades não terem realizado nenhuma detenção.
Num comunicado enviado para a Los Angeles Magazine, os proprietários do Wi Spa defenderam as suas políticas inclusivas. “Como muitas outras áreas metropolitanas, Los Angeles possui uma população transgénero, alguns gostam de visitar o nosso spa. O Wi Spa procura responder às necessidades de todos os seus clientes”, esclarecem.
A cidadã de Orange County, Amber Hooper, juntou-se à segunda ronda de contraprotestos, no sábado, depois de ativistas locais terem alertado que os manifestantes de extrema-direita iam regressar ao espaço, e disse ao Guardian que pretendia “representar a comunidade e que esperava que toda esta violência pudesse acabar”.
Hooper acrescentou ainda que era frustrante observar que “as pessoas que falam sobre leis e ordem são contra as leis que protegem a comunidade trans”, rematando que “direitos trans são direitos humanos”.