Mais de um terço dos estudantes do Ensino Superior (35%) já equacionou desistir do curso, desistir é uma opção ainda viável para outros 9% e 1% já tomou mesmo esta decisão. Estas são as principais conclusões do estudo As Melhores Faculdades de Portugal, levado a cabo pela Rede, uma agência de marketing especializada no segmento universitário.
Em comunicado, a agência clarifica que “a principal razão apontada pelos estudantes para considerarem esta hipótese foi a incerteza em relação à sua escolha “, pois “19% afirmaram não ter a certeza se o curso em que estavam matriculados era, realmente, aquele que queriam”.
Por outro lado, 13% dos participantes no inquérito apontam o insucesso académico, 13% os problemas de saúde psicológica e 12% o facto de o curso não corresponder às expectativas como motivos relevantes para encararem o abandono dos estudos como uma opção.
61% iniciaram o percurso académico em 2019
O estudo reuniu mais de 2000 respostas de universitários de norte a sul do país através de um inquérito online. Os participantes foram questionados sobre variados tópicos relacionados com a vida universitária, na medida em que, “no final, o objetivo é perceber quais as melhores faculdades de Portugal de acordo com a opinião dos estudantes”.
Porém, importa mencionar que, para além da realização da análise anteriormente explicitada, a Rede “questionou os estudantes sobre os fatores determinantes na altura de escolher uma faculdade para estudar”.
Concluiu-se que 66% dos inquiridos – ou seja, aqueles que ingressaram no curso que pretendiam – apontam a localização, o prestígio/qualidade percebida da faculdade e o interesse no curso/plano curricular como principais fatores que motivaram a decisão, enquanto os 34% que não conseguiram entrar no curso/instituição da sua preferência indicam que não escolheram o curso que frequentam como primeira opção, pois 41% tinham preferência por outro curso e 38% gostariam de ter sido aceites numa instituição localizada noutra cidade.
Idades compreendidas entre os 18 e os 23 anos
Naquilo que diz respeito à faixa etária dos participantes, é possível dizer que 80% têm idades compreendidas entre os 18 e os 23 anos e são, na sua maioria, estudantes de licenciatura ou mestrado integrado (primeiro e segundo ciclo de estudos, respetivamente).
A seu lado, 61% dos participantes iniciaram o seu percurso académico em 2019 ou depois, tendo visto a sua experiência académica parcial ou totalmente afetada pela pandemia de coronavírus. No último ano e meio, as dificuldades económicas viera ensombrar também os planos académicos de vários estudantes. No final do mês de junho, o Nascer do SOL narrou a história de Rayssa Leal, estudante brasileira que está a tirar Engenharia Agronómica na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. A jovem de 19 anos insere-se num universo de 7% de jovens que já pensaram em desistir do Ensino Superior por razões económicas e nos 25% que admitem ter dificuldades em suportar os custos para prosseguir os estudos com o agravamento da sua situação financeira devido à pandemia de covid-19, estimativas apuradas pelo inquérito O Impacto da covid-19 no Ensino Superior. “A minha maior dificuldade foi não ter dinheiro para comer. No dia 8 de fevereiro, tinha menos de 20 euros na conta. Fui à junta de freguesia, à FAP e indicaram-me algumas saídas. Vivo numa casa com colegas de quarto. É sempre uma incerteza saber como será o próximo mês, mas tento ao máximo não desistir”, relatou a jovem.