Não é de hoje que os atletas de alta competição sucumbem a problemas de saúde mental, sobretudo de ansiedade ou depressão. Nem é um fenómeno que conheça fronteiras.
A própria Simone Beile citou o exemplo bem recente da tenista Naomi Osaka, que desistiu do Open de França, em Roland Garros, acusando o excesso de pressão psicológica, e renunciou ao Open de Inglaterra, em Wimbledon.
Em Portugal, um dos maiores corredores de provas de meio-fundo e fundo, que foi durante largos anos recordista mundial dos 10 mil metros, Fernando Mamede, já admitiu publicamente alguns dos fantasmas que o perseguiram ao longo da carreira. Mamede reconhece mesmo que a foi a ansiedade e a depressão que o impediram de chegar a grandes triunfos em grandes provas internacionais, como foi o caso da desistência na final dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. Jogos que decorreram apenas um mês depois de Mamede ter estabelecido a melhor marca de sempre à época – o que, naturalmente, o colocava na posição de favorito para a conquista da medalha de ouro nas olimpíadas.
Outro caso que fez história envolve o atleta olímpico mais medalhado de sempre, Michael Phelps. O ‘mítico’ nadador revelou também ao mundo, em 2018, que se debateu com uma depressão e chegou inclusivamente a pensar em suicídio após os Jogos Olímpicos de 2012.
Solidário com Simone Biles, Phelps, analista dos JO de Tóquio na estação televisiva da NBC, diz que “ninguém é perfeito, e faz parte não estar bem”.
“Há altos e baixos na nossa vida emocional. Também me senti como a Simone, a carregar o peso do mundo nos meus ombros. É uma situação difícil, mas espero que seja uma experiência para abrir os olhos a muita gente”, comentou Phelps.
Futebol também não escapa
Também no mundo do futebol são vários os exemplos de profissionais que passaram por períodos de baixo rendimento associado a questões do foro psicológico.
O internacional português André Gomes, em 2018, abriu-se de coração e alma para revelar que, a certa altura, chegou a ter vergonha de sair à rua pela pressão que lhe colocavam em cima – os adeptos, sobretudo. O O jogador que trocou o Benfica pelo Valência e, mais tarde, passou a jogar ao lado de Lionel Messi e companhia no Barcelona, confessou que, no seu pior período na Catalunha, deixou de desfrutar do futebol, de se sentir bem em campo e chegou mesmo a revelar que “jogar tornou-se um pouco um inferno”.
Também no Barcelona, um dos mais extraordinários centro-campistas do futebol espanhol e mundial, Andres Iniesta, também passou por momentos de depressão que afetaram o seu rendimento desportivo – mas que nada tiveram a ver com a pressão inerente à modalidade, mas antes com o falecimento de um amigo.