Uma onda de calor vinda do Norte de África vai levar a que os termómetros subam, mais do que nos últimos dias, no sábado, no domingo e também no início da próxima semana. De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o Alentejo vai registar máximas acima dos 40ºC, com Évora a atingir mesmo 43ºC no sábado. Este valor aproxima-se do mais alto alguma vez registado em Portugal, ou seja, 47,4 °C na Amareleja, distrito de Beja, a 1 de agosto de 2003.
Segundo o IPMA, as temperaturas máximas vão variar entre os 23º (Porto e Aveiro) e os 43º (Évora) e as mínimas entre os 13º (Bragança e Viseu) e os 26º (Faro). Foi igualmente emitido um aviso laranja de tempo quente até às 5h de domingo, dia 15, para os distritos de Beja, Castelo Branco, Évora e Portalegre e estão ainda sob aviso amarelo os distritos de Braga, Faro, Lisboa, Santarém, Setúbal, Vila Real e Viseu.
O panorama de Portugal Continental é completamente distinto daquele que se vive nos Açores, pois esta quinta-feira foram emitidos dois avisos amarelos para sete das nove ilhas que compõem o arquipélago devido a precipitação forte e possibilidade de trovoada. É de mencionar que nas ilhas do grupo ocidental (Flores e Corvo), o aviso abrangeu o início da noite de quinta e a madrugada desta sexta-feira. No grupo central (Terceira, Faial, Pico, São Jorge e Graciosa), o aviso amarelo estará em vigor até às 6h deste sábado. A Madeira estará com aviso amarelo devido às temperaturas elevadas entre sexta-feira e domingo, sendo que as temperaturas máximas na ordem dos 32º poderão estender-se até terça-feira. À sua vez, o portal tempo.pt estima que o calor terá «particular incidência na vertente Sul, no Funchal e na Ribeira Brava, registando-se ali temperatura máximas de até 29 ºC. Aí o vento soprará moderado com rajadas de Nordeste na ordem dos 40 km/h».
Este fenómeno não é de estranhar, pois está a afetar o resto da Europa. A título de exemplo, as autoridades regionais da Sicília registaram na quarta-feira um recorde de calor em Itália, com 48,8 graus Celsius, causado pelo anticiclone Lúcifer, tendo sido esta a semana com as temperaturas mais elevadas do ano.
As recomendações da DGS
Gianmaria Sannino, Climatologista do Laboratório ENEA (The Agenzia nazionale per le nuove tecnologie), revelou à euronews que os especialistas estão surpreendidos com a intensidade dos mais recentes eventos climáticos extremos e pelos recordes de temperatura que têm vindo a ser ultrapassados. «Segundo o painel internacional para o clima, temos uma janela de nove anos pela frente para mudar de rumo e tentar mitigar as alterações climáticas», disse ao canal televisivo.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) recomendou esta quinta-feira à população que tome medidas de proteção contra o calor, depois de a previsão de subida das temperaturas ter sido veiculada, em especial doentes crónicos, grávidas, crianças, idosos e pessoas com mobilidade reduzida.
Assim, recomenda o aumento da ingestão de água ou sumos de fruta natural, mesmo quando não tenha sede, e evitar o consumo de bebidas alcoólicas. No site oficial da DGS, lê-se que a população deve fazer refeições frias e leves e comer «mais vezes ao dia» e a utilizar roupa larga, que cubra a maior parte do corpo, chapéu de abas largas e óculos de sol. Por outro lado, evitar a exposição direta ao sol, principalmente entre as 11h e as 17h, manter-se em ambientes frescos arejados, pelo menos duas a três horas por dia, utilizar protetor solar com fator igual ou superior a 30 e evitar atividades que exijam «grandes esforços físicos», nomeadamente desportivas e de lazer no exterior, são conselhos salientados pela autoridade de saúde.
Já para aqueles que trabalham no exterior, a DGS recomenda que se hidratem frequentemente e se protejam com roupa larga e chapéu e apela para que trabalhem acompanhados, porque em situações de calor extremo poderão arriscar ficar confusos ou perder a consciência. Para quem tem de viajar de carro, o conselho é escolher as horas de menor calor e não permanecer dentro de viaturas estacionadas e expostas ao sol.
A DGS apela ainda para quem tem familiares idosos ou conheçam pessoas que vivam isoladas para as contactar e assegurar a sua correta hidratação e permanência em ambiente fresco e arejado. «Se é doente crónico ou está sujeito a terapêuticas e/ou dietas especificas, siga as recomendações do seu médico assistente ou do Centro de Contacto do SNS 24: 808 24 24 24», escreve a DGS, realçando a importância da utilização de equipamento de proteção individual e da manutenção da distância física no caso se esteja num espaço público climatizado.
Risco máximo de incêndios
Na sexta-feira, encontravam-se em risco muito elevado de incêndio quase cinco dezenas de municípios nos distritos de Viana do Castelo, Bragança, Vila Real, Braga, Porto, Aveiro, Viseu, Coimbra, Castelo Branco, Leiria, Santarém, Portalegre, Beja e Faro. Na quinta-feira, eram quase seis dezenas de municípios nos distritos de Vila Real, Braga, Porto, Aveiro, Viseu, Coimbra, Castelo Branco, Leiria, Santarém, Portalegre, Lisboa e Faro.
O IPMA colocou ainda em risco elevado quase toda a região do Alentejo e outros cerca de 50 concelhos dos distritos de Viana do Castelo, Porto, Braga, Vila Real, Aveiro, Coimbra, Viseu, Leiria, Santarém, Lisboa, Setúbal e Faro. No dia anterior, era aproximadamente o mesmo número de concelhos dos distritos de Viana do Castelo, Porto, Braga, Coimbra, Leiria, Santarém, Lisboa e Faro.
O restante território apresentava um risco moderado e reduzido, consoante a região. Contudo, para este sábado, está previsto que mais concelhos do país fiquem em alerta máximo. É de recordar que o risco de incêndio determinado pelo IPMA tem cinco níveis, que vão de reduzido a máximo e, deste modo, os cálculos são obtidos por meio da temperatura do ar, humidade relativa, velocidade do vento e quantidade de precipitação nas últimas 24 horas.
Recorde-se que, até setembro, é proibido fazer queimadas extensivas ou queima de amontoados sem autorização, usar fogareiros ou grelhadores em todo o espaço rural, e fumar ou fazer qualquer tipo de lume nos espaços florestais.
É igualmente proibido ainda lançar balões de mecha acesa ou foguetes ou fazer trabalhos na floresta que possam originar faíscas.
Tendo em conta o elevado de risco de incêndio, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) determinou o reforço de meios e um pré-posicionamento nas regiões do Algarve, Centro e Norte.