Santana diz que PSD lhe faz lembrar Sampaio

O PSD tentou impugnar a candidatura de Santana Lopes na Figueira da Foz. Em vão. E Santana lidera as sondagens, em que o candidato social-democrata surge ‘esmagado’.

As eleições autárquicas aproximam-se a alta velocidade, e as campanhas estão a dar tudo por tudo nesta reta final antes do dia 26 de setembro. Na Figueira da Foz, a tentativa do PSD de impugnar a candidatura independente de Pedro Santana Lopes, que dirigiu entre 1998 e 2001, acabou por ser considerada improcedente pelos tribunais.

O pedido de impugnação à campanha de Santana Lopes alegava ilegalidades na candidatura do seu antigo militante, principalmente associadas à nomenclatura utilizada pelo mesmo, e à alegada insuficiência de número de proponentes. O caso foi parar aos tribunais, que acabaram por considerar ‘totalmente improcedente’ a tentativa do candidato do PSD. Uma «vitória» para a campanha de Santana Lopes, conforme o mesmo afirmou ao Nascer do SOL. «Nunca vi uma campanha – e já discuti muitas na vida – assim que tenta recorrer a tudo, com uma falta de caráter como nunca vi», confessa o candidato independente, que faz questão de «diferenciar estes dirigentes deste PSD», do PSD que o acolheu durante largos anos. 

«Este PSD quis fazer como aconteceu com o Dr. Jorge Sampaio, que dissolveu. Este PSD quis impugnar, que ia dar ao mesmo, que era afastar-me. Só que desta vez o assunto foi a tribunal», continuou Santana Lopes, que acusou o facto de o candidato social-democrata ter, recentemente, feito uma publicação a enaltecer a mesma ação do antigo Presidente da República, algo que, acusou, «põe em causa tudo o que é história e doutrina do PSD, passando agora da admiração à cópia».

Na sentença, a que o Nascer do SOL teve acesso, pode ler-se que «de facto, por vezes é utilizada a denominação ‘Pedro Santana Lopes, Figueira a Primeira’, enquanto outras é usada a designação ‘Figueira a Primeira’». «Todavia, atento o teor da ata constitutiva deste grupo, concretamente o seu artigo 3.º, crê-se que a denominação oficial é a última, sendo esta que valerá para efeitos da candidatura nas presentes eleições», o que levou os tribunais a concluir que «deverá improceder o primeiro fundamento da impugnação». Ainda no mesmo documento, pode-se ler que «não só o número de proponentes é suficiente, como os dados exigidos para prova daquele número foram indicados», o que leva a que «deve improceder o segundo fundamento da impugnação apresentada», e, finalmente, ao julgamento como «improcedente a impugnação apresentada pelo PSD à candidatura do Grupo de Cidadãos Eleitores ‘Figueira a Primeira’».

Procura de protagonismo

No momento em que a proposta de impugnação foi anunciada, o Movimento Figueira A Primeira lançou um comunicado, garantindo que «a tentativa de impugnação da candidatura do Movimento Figueira a Primeira-FAP, não passa de uma intenção do PSD de procurar protagonismo que não tem doutra forma». Uma tentativa, aliás, da qual o próprio José Silvano, secretário-geral do PSD, disse não ter sido informado. Uma torrente de comentários surgiram, de diferentes setores políticos, a criticar esta tentativa, como foi o caso de Carlos Beja, antigo militante e dirigente socialista, que enviou uma mensagem a Santana Lopes, entretanto publicada na página do Movimento Independente liderado pelo mesmo. «No momento em que alguns tentam impedir a sua candidatura e em nome dos princípios que continuo a perfilhar não posso, não quero e não devo deixar de lhe enviar um abraço solidário convicto que em nome da Democracia e da Liberdade a sua candidatura possa ir às urnas para que os figueirenses possam livremente decidir o seu futuro através do voto», referiu Carlos Beja.

PS ao ataque
 

Na corrida eleitoral para a autarquia da Figueira da Foz está também Carlos Monteiro, o socialista que tomou as rédeas da Câmara em 2019, depois de João Ataíde ter saído para ocupar o cargo como secretário de Estado do Ambiente. Os últimos dois anos foram o suficiente para que o Partido Socialista decidisse apostar em Monteiro como o seu candidato à autarquia, onde o PS vence desde 2009.

«O PS da Figueira da Foz e a sua candidatura, liderada por Carlos Monteiro, deseja, e tudo fará da sua parte nesse sentido, que até ao dia 26 de setembro o processo eleitoral decorra com elevação», começou por revelar ao Nascer do SOL fonte da candidatura de Carlos Monteiro, que não demorou a atirar farpas aos concorrentes na corrida eleitoral. «O PS aguarda que os ânimos do PSD e do MFP deixem de criar casos e de se vitimizar, na medida em que o que importa é a discussão política dos respetivos projetos de forma a esclarecerem-se os figueirenses», continuou a candidatura socialista, não querendo, no entanto, entrar em grandes detalhes sobre a polémica tentativa de impugnação da candidatura de Pedro Santana Lopes. «Compete aos tribunais apreciar os argumentos aduzidos na impugnação da lista do candidato do MFP. Aquilo que o PS quer é que todas as candidaturas preencham os requisitos legais e que se possam apresentar ao eleitorado sem qualquer vício», definiu unicamente a candidatura de Carlos Monteiro.

Sondagens e indicadores são, para esta estrutura política, um tema sensível, preferindo basear-se nas suas próprias informações, avançando a candidatura que, segundo «os indicadores de que dispõem», estão a apontar «no sentido de uma vitória do PS no concelho». «Não obstante, os resultados que contam serão os contabilizados nas urnas, no dia 26 de setembro, data em que os figueirenses, se assim entenderem, podem renovar a confiança no Partido Socialista», rematou a candidatura socialista.

Referindo-se à carreira autárquica na Figueira da Foz, a equipa de Carlos Monteiro reforça que «os figueirenses têm memória e não pretendem que o seu concelho seja usado como trampolim político», acusando a necessidade do concelho em ter «pessoas completamente concentradas no seu governo, que o conheçam e que saibam bem quais são as suas prioridades». 

«A nossa expectativa é a de que vamos continuar a ser merecedores da confiança dos eleitores, porque eles sabem bem todo o trabalho que foi desenvolvido nos últimos 12 anos apesar dos condicionalismos existentes. Carlos Monteiro, a sua equipa e o PS sairão vencedores deste ato eleitoral», rematou a candidatura, sem hesitar.
«Carlos Monteiro é um figueirense com um enorme prestígio, pessoa de fácil trato e que conhece, como ninguém, o seu concelho e a realidade do que é hoje ser autarca. A Figueira da Foz necessita de alguém com credibilidade, com capital político, visão e que tenha provas dadas de boa gestão», defendeu ainda a mesma fonte.