Portugal é, por excelência, um dos principais destinos turísticos da Europa, nomeadamente para aqueles que procuram sol, paz e sossego. Das praias de mar às praias fluviais, normalmente, a água é sempre um fator que tem de existir no postal de fundo que os turistas procuram no país.
Assim, para além das atrações mais referenciadas, também os lagos e lagoas do país formam uma parafernália de opções para quem nos visita de além-fronteiras e mesmo para quem, dentro do país, procura um sítio para relaxar e aproveitar os meses do verão.
A proliferação de barragens de norte a sul do país ajudou também à criação e manutenção de novos espaços em torno de lagos, lagoas e albufeiras para que os visitantes possam, em conforto, descansar e aproveitar a calma e a paz destes sítios.
Entre Aveiro e Águeda, no entanto, localiza-se uma das principais lagoas do país e até da Península Ibérica. Trata-se, claro, da Pateira de Fermentelos. Um local que, apesar de assumir este nome para quem é estrangeiro nessas terras, não parece encontrar consenso na sua nomenclatura por entre quem por lá vive. É que, se, para os fermentelenses, a lagoa se chama ‘Pateira de Fermentelos’, as gentes de Espinhel, não muito longe, chamam-lhe ‘Ribeiro’ – ou pelo menos chamavam, antigamente, segundo contou ao Nascer do SOL uma popular dessa localidade.
Esta lagoa – a maior (natural) da Península Ibérica – bordeia várias localidades diferentes, dos concelhos de Aveiro, Águeda e Oliveira do Bairro – entre elas Requeixo, Fermentelos, Espinhel e Óis da Ribeira, cada uma com uma história e uma visão diferente sobre o paradisíaco local.
Isso sim, em praticamente cada uma das ‘Pateiras’ há algum sítio para estender uma toalha, descansar e aproveitar a serenidade das águas cristalinas. Isso ou, no caso de Fermentelos e Óis da Ribeira, poder almoçar com uma privilegiada vista. Em Fermentelos, aliás, localiza-se uma das estalagens mais icónicas do país, que perdura naquele local desde a década de 1970 e que mantém muita da decoração original dessa época levando quem a visita a uma verdadeira viagem no tempo daquelas do Conta-me como foi.
Mas, voltando ao roteiro em torno desta lagoa em forma de bota, é importante entender que em Fermentelos, Espinhel, Óis da Ribeira, Requeixo e até no Carregal – a menos conhecida – a ‘pateira’ é a mesma, mas as histórias e os acessos não. Em Espinhel, por exemplo, dois grandes passadiços formam o panorama e permitem aos visitantes caminhar até, literalmente, o meio da água, para estar no cenário perfeito para um fim de tarde romântico ou um passeio em família. No fundo, duas pequenas cabanas, propícias a fotografias, pedidos de casamento ou só momentos de reflexão ao som da água e da fauna.
Já em Fermentelos, o ambiente é diferente, dominado por completo pela Estalagem, que marca a paisagem desse lado. Bem perto da pequena praça onde se encontra o Monumento ao Emigrante (Fermentelos é terra de quem procura uma vida melhor além-fronteiras, seja na Venezuela, no Brasil ou em outros cantos do mundo), o Hotel Estalagem da Pateira é postal da região e recebe todos os anos aqueles que querem saborear um pouco melhor os ares desta lagoa e das vilas e cidades que a rodeiam.
Por dentro, quem a visita viaja no tempo para a década de 70, onde uns grandes e chamativos sofás vermelhos marcam a pauta de uma das salas do edifício. As vistas, essas sim são a verdadeira atração desta Estalagem, que se encontra praticamente à beira das águas da Pateira.
Ao Nascer do SOL, a direção da Estalagem – que começou a funcionar como tal em 1975 – deu grande ênfase às «histórias de êxtase emocional, a partir das varandas dos quartos ou nos recantos misteriosos dos jardins». As manhãs, defendem, são o melhor momento, com o «amanhecer junto à Pateira, a energia poderosa que a vida da natureza transmite através das manhãs com neblina a pairar sobre as águas calmas, a Paz e Tranquilidade encontrada para meditação e leitura, a beleza do movimento da água, da dança dos peixes, dos sons naturais diferentes ao longo do dia». Isso sim, os fins de tarde e as noites não ficam de fora, incluindo todas elas histórias «de eventos Românticos e Familiares passados nos jardins do Hotel junto às águas da Pateira» como as «chegadas de noivos de barco aos aperitivos do seu próprio evento».
Pelo meio, ficam ainda os relatos das atividades aquáticas que o hotel organiza e as suas ligações com a natureza envolvente.
«Patas que nidificam próximo dos jardins do Hotel e por vezes se ‘enganam’ e ensinam a sua ninhada a mergulhar na piscina exterior do Hotel» são uma realidade comum neste local.
Turistas de volta
A pateira é procurada por visitantes nacionais e internacionais todos os anos e a pandemia da covid-19, tal como o fez em todo o mundo, abrandou este crescimento. Conforme revela a Estalagem, «desde que o Hotel iniciou o seu trabalho (há mais de 15 anos) com as plataformas de reservas on-line, o número de turistas internacionais sempre subiu anualmente até março de 2020». sentindo-se depois um hiato devido à pandemia. «Percebe-se agora que, devagarinho … a retoma deste mercado está a iniciar», explica ainda a mesma fonte, sem deixar de fora o facto de o mercado nacional ser «extraordinário com o Hotel» e «desde sempre o mercado que sobressaiu na história deste local». «Devido à Pandemia covid-19 tem havido mais procura da parte dos Portugueses, com estadias mais longas e experiências com mais detalhe no que concerne ao contacto afetivo, pois o consumidor começou a dar valor a outros pormenores», continua a fonte da Estalagem, explicando que «o cliente, na sua generalidade, mudou a sua atitude, depois da paragem que todos fomos obrigados a fazer». Sentiu-se também um «aumento de procura do mercado nacional quanto ao Turismo Acessível, pois o Hotel satisfaz em grande parte das limitações humanas as necessidades destas pessoas», referindo-se a formas de turismo com pessoas em idades avançadas, com pouca mobilidade, «mães com bebés, cadeirantes, cegos, incapacidade cognitiva (demências, etc.), e pessoas ou famílias que se negam a deixar de viver pelas suas limitações».
Aventura na natureza
Se o objetivo, no entanto, é encontrar paz e sossego no meio da mais pura Natureza, apesar de também haver essa possibilidade em Fermentelos, é mesmo na zona de Requeixo e do Carregal que se encontra o local mais original e natural em torno da Pateira. Não há estalagens, hotéis, restaurantes nem praças. Apenas um caminho desbravado para lá chegar, a terra e a água, as árvores, o som dos patos que sobrevoam a lagoa (e que lhe dão o nome) e uma paz capaz de purificar os mais complexos problemas.
Aí, sim, a viagem é aventureira, e as facilidades não são muitas. Para isso, talvez a melhor opção seja a própria zona de Espinhel, bem perto da estrada que liga Aveiro a Águeda.
Nesta zona de descanso à beira da Pateira, dois grandes passadiços sobre a água são a cereja no topo do bolo, num local onde também não há restaurantes nem estalagens, mas há mais do que espaço para levar a cabo um saboroso piquenique com família ou amigos.
Lugar ‘instagramável’
Um lado da lagoa decidiu apostar fortemente na ‘instagramabilidade’ do seu espaço. Ou seja, na vontade que dá de posar para uma fotografia que irá parar às redes sociais. Trata-se de Óis da Ribeira, não muito longe de Espinhel, onde um grande letreiro pousado na terra, não muito longe da margem da Pateira, evoca, em letras bem grandes e visíveis, o nome deste local.
Ao lado, um baloiço – também eles uma das mais recentes tendências no turismo nacional, como o Nascer do SOL noticiou na semana passada – surge para quem queira descansar enquanto fita as águas desta calma lagoa.