A confiança é o fator decisório para a relação entre decisores políticos e cidadãos. Esta não é apenas uma questão de agora – impulsionada pela pandemia – mas sim, os mínimos para que seja firmada a moral e autoridade política perante o povo. Contudo, o momento excecional que vivemos coloca a nu as deficiências estruturais num Estado que ainda se diz de direito, democrático e que se quer transparente e livre.
O que acontece sucessivamente nas instituições públicas, como a Direção-Geral da Saúde (DGS) a quem se exige autonomia, isenção, disciplina e mensagens perentórias, consolidadas cientificamente, no caso concreto – é de uma politização grosseira, controladora e obscena.
Graça Freitas é apenas a marioneta de António Costa e de um Governo impreparado, fraco e incompetente, que explora até ao limite a imagem da DGS como independente, séria e credível para ventilar as suas mensagens de medo e histeria, para assim continuar a domesticar os portugueses. Segue-se o teatro, com a devida pitada da comunicação social do regime, recalcando a retórica, vezes sem fim, por especialistas de bancada.
Como é possível confiar numa vacinação, que em vez de esclarecer e agir com campanhas de sensibilização, partem para campanhas de imposição? Condicionam a vida de jovens, famílias e empresários para que o afunilamento em direção à vacina não seja uma opção, mas antes uma obrigação criada por uma pressão social.
Como podem os pais confiarem na vacinação dos seus filhos, quando há menos de um mês a mesma DGS, que recomenda agora a vacinação entre os 12 e 15 anos, era a mesma que afirmava que não era aconselhável?
Como podem as famílias confiarem numa DGS liderada por uma pessoa que remodelou a comissão que tinha decidido que seriam apenas vacinados os jovens com doenças de risco? Que grau de confiança e credibilidade tem agora esta decisão? A política não se pode sobrepor à ciência em matéria de saúde.
Como podem os portugueses confiarem na vacinação dos jovens, quando o Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos, a Sociedade Portuguesa de Pediatria, a Sociedade de Infecciologia Pediátrica, Enfermeiros e Farmacêuticos que trabalham com crianças estão contra?
O ambiente que se vive de resignação é perigoso e, com o passar do tempo, apercebemo-nos do quanto a normalização é sinónimo de tentação e conforto, para quem está no poder, ditando-nos o que fazer, como fazer e em que momento o faremos. A penetração do poder governativo e partidário nas instituições reguladoras, independentes e autónomas, centrais na garantia num Estado de direito e democrático, é apenas mais um sintoma que o Estado está doente e é, cada vez mais, ameaçado pelo vírus de um socialismo, marxista e leninista.
O controlo da nossa liberdade, com o argumento: de que é o Estado que dita o que é melhor para cada um de nós, está a levar-nos para um caminho sem retrocesso. São os tiques de um novo tempo, onde farão de nós filhos do Estado. Há muito que as motivações deixaram de ser científicas ou de saúde pública.