O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, avançou (em entrevista à TVI24) que Portugal irá acolher, por agora, pelo menos 50 refugiados afegãos: 30 colaboraram com a NATO e os restantes 20 com os serviços da União Europeia.
Segundo o ministro, recebê-los-emos “imediatamente”: “Portugal está disponível para colaborar neste primeiro esforço”. Relativamente ao futuro, parece que o sentimento será o mesmo, pois o Governo irá “ver o que seja necessário” para ajudar o povo afegão. Santos Silva admitiu ainda que o Governo está em contacto com a sociedade civil, notando o facto de alguns estabelecimentos de ensino superior e autarquias estarem já a fazer estimativas da quantidade de afegãos que poderão receber. Santos Silva recordou ainda o sucesso do exemplo dos estudantes sírios em universidades portuguesas – incentivado pelo antigo Presidente da República, Jorge Sampaio – e sublinhou a importâncias das palavras de João Cravinho, ministro da Defesa (“No quadro da NATO e da União Europeia, estamos a protegê-los na retirada. É uma obrigação proteger e salvaguardar a vida dos afegãos que colaboraram com as forças internacionais”).
Na mesma entrevista, Santos Silva reiterou a posição diplomática que Portugal terá quantos aos talibãs que tomaram o Afeganistão: dar-lhes um oportunidade. “Os talibãs têm de demonstrar que temos de acreditar neles, o que não aconteceu nos últimos 20 anos. Têm dito que são muito diferentes do que eram há 20 anos, que respeitam os direitos das mulheres, que querem fazer um governo inclusivo, mas têm de o demonstrar. Por agora, só são palavras. Os líderes políticos afegãos têm de encontrar soluções para a formação desse governo inclusivo”, frisou.
Note-se que, à exceção do PCP, PSD e IL, a maior parte dos partidos já se pronunciou quanto à receção de refugiados afegãos – sendo todos a favor: uns com mais reservas, outros com menos. O PS, naturalmente, é a favor – acompanhado pelo Bloco de Esquerda, PAN e PEV. O CDS e o Chega também, embora com reservas. Ao i, o líder do CDS explicou que, sendo este um “partido de matriz vincadamente humanista-cristã”, entende que Portugal deve “colaborar no esforço internacional de apoio aos refugiados do Afeganistão”. Não obstante, salvaguarda “que este tipo de apoios deve ser realizado de forma responsável, controlada e criteriosa”. O Chega defende que não se pode “simplesmente abrir as portas da Europa ao Afeganistão, sob pena de vermos entrar milhares de terroristas e ex combatentes islâmicos para dentro do nosso território”.