O primeiro jogo da Juventus após perder Cristiano Ronaldo, no passado sábado, saldou-se por uma derrota em Turim contra o recém-promovido Empoli, depois de um golo solitário de Leonardo Mancuso.
Em duas jornadas, a equipa que dominou a Serie A na última década (venceu o campeonato em nove ocasiões consecutivas, mas no ano passado ficou em quarto lugar), ainda não conseguiu vencer qualquer jogo. Na jornada inaugural empatou por duas bolas com a Udinese – nos últimos minutos, Cristiano Ronaldo, no seu último jogo antes de regressar ao Manchester United, viu ser anulado um golo que teria dado a vitória à “Velha Senhora”.
Agora, sem o capitão da seleção portuguesa, que foi a principal referência da equipa nas três épocas que esteve no seu plantel, tendo sido sempre o melhor marcador do clube italiano, a Juventus volta a encontrar problemas que nunca foram completamente resolvidos.
Os últimos anos do “reinado” dos “bianconeri” foram marcados mais pelo pragmatismo e eficácia do que pela beleza do seu futebol.
Os dirigentes do clube tentaram resolver este problema em 2019, despediram o treinador Massimiliano Allegri, que venceu a Serie A pela Juventus em cinco ocasiões consecutivas, e que regressou este ano ao clube, e contrataram Maurizio Sarri, ex-treinador do Nápoles e do Chelsea, conhecido pelo seu atrativo futebol ofensivo, designado como “Sarriball”.
No entanto, a missão de tornar a Juventus um clube capaz de praticar um futebol que entusiasmasse os fãs não correu como pretendido. O estilo do treinador de 62 anos e o pragmatismo da Juventus eram como água e vinagre, resultando na pior época em termos estatísticos do clube desde 2011.
Apesar de terem voltado a vencer o campeonato, o decréscimo da performance do clube, uma relação complicada com a equipa e jogadores, e o falhanço na campanha da Champions League, de onde o clube de Turim foi eliminado nos oitavos de final pelo Lyon, resultou no despedimento de Sarri.
O flop Pirlo e o buraco deixado por Ronaldo Na época seguinte, ainda com a intenção de renovar o estilo de jogo da Juventus, foi contratado para o lugar de treinador, com alguma surpresa, o ex-jogador italiano Andrea Pirlo, um dos mais brilhantes médios que alguma vez pisaram as quatro linhas de um relvado, e um dos grandes responsáveis pelo domínio da Juventus na última década.
Antes deste cargo, a única equipa que Pirlo treinou foram as camadas sub-23 dos “bianconeri”, um cargo para o qual tinha sido contratado apenas uma semana antes de chegar à equipa principal. No entanto, o antigo “maestro” do meio-campo italiano parecia “destinado” a treinar a Juventus, disse o diretor do clube, Fabio Paratici.
Mas esta experiência foi um falhanço, o quarto lugar, ainda que apenas a um ponto de distância da segunda posição (e a 13 do primeiro classificado, o Inter de Milão), e a saída na primeira eliminatória da Champions, frente ao FC Porto, foi imperdoável e Pirlo acabou mesmo por ser despedido.
Assim, Allegri regressa à Juventus para tentar voltar a conduzir a “Velha Senhora” à glória, independentemente do método. Mas está à vista que não vai ser assim tão fácil.
Apesar do talento jovem da equipa italiana, como o extremo de 23 anos Federico Chiesa ou do recém-contratado Manuel Locatelli, médio centro de 23 anos, e de contar com a experiência de jogadores como Chiellini, Bonucci ou “a jóia” Dybala, a saída de Ronaldo deixa um grande buraco na capacidade goleadora da equipa – o português foi responsável por 40% dos golos da Juventus nas últimas três temporadas, que ficou sem uma referência goleadora no plantel.
É esperado que a equipa ataque o mercado e contrate uma nova estrela goleadora, nomes como Mauro Icardi ou Eden Hazard são alguns dos nomes mais recorrentes, mas é difícil acreditar que algum destes reforços faça esquecer Cristiano Ronaldo.
“Não estou preocupado”, insistiu Allegri na conferência de imprensa após a derrota contra o Empoli. “Esta equipa ainda tem muitos golos nas pernas, por isso eles terão de ser redistribuídos”, disse, acrescentando que está mais preocupado com a instabilidade da defesa do que com a eficácia ofensiva.