Vários apoiantes do juiz Rui Fonseca e Castro reuniram-se este sábado, dia 11 de setembro, sob o mote “Pelas nossas crianças – Rumo à Liberdade”, cercando o restaurante junto à Assembleia da República onde Eduardo Ferro Rodrigues almoçava com a mulher. "Pedófilo", “assassino”; “ordinário”; “não toca na Constituição”; “ditadura, não, liberdade, sim” foram algumas das palavras e frases mais usadas por quem segue o magistrado que esteve de licença sem vencimento durante dez anos e, em primeira instância, foi acusado de incentivar os cidadãos a fazer queixa das forças de segurança através da publicação de um caderno de minutas, por meio da página Juristas Pela Verdade, em março, que visava conferir a todos quantos vivem as "graves restrições ao exercício de direitos, liberdades e garantias (…) a possibilidade de fazerem valer" os mesmos "com ou sem recurso a serviços advocatícios".
“Este restaurante está marcado, nunca mais nenhum cliente deste restaurante vai ter paz”, gritaram os manifestantes enquanto o dirigente almoçava, tecendo comentários acerca do vinho que o mesmo bebia e, consequentemente, acerca do pagamento que realizou no final da refeição. “Olha, a pagar com o dinheiro dos contribuintes!”, apontaram.
“São inofensivos” pic.twitter.com/rRd0wL9gRh
— Camelo(t) (@BarbaDeCamelo) September 12, 2021
“Diz o senhor Ferro Rodrigues que os portugueses que resistem à injecção da morte devem mudar de atitude. Pois bem, o Senhor Ferro Rodrigues é um pedófilo. O senhor Ferro Rodrigues é um abusador sexual de crianças. Preferencialmente, crianças institucionalizadas, que merecem a protecção do estado, mas entregues à oligarquia nepotista e cleptocrática que dirige este país, tal como o senhor Ferro Rodrigues“, começou por acusar o juiz anti-confinamento Rui Fonseca e Castro num vídeo publicado no YouTube e posteriormente divulgado na página Habeas Corpus, no Facebook, no final do passado mês de julho. No dia seguinte, o presidente da Assembleia da República informou o Conselho Superior de Magistratura (CSM) de um "vídeo atentatório da sua honra".
O magistrado terá proferido estas declarações porque o nome do antigo líder do Partido Socialista esteve implicado no Processo Casa Pia. A título de exemplo, em maio de 2003, o semanário Expresso indicou que quatro crianças alegavam ter visto Ferro Rodrigues em locais onde os abusos sexuais tinham lugar. No entanto, o jornal explicou que não havia evidências de que o político estivesse envolvido pessoalmente no caso. O político apresentou queixa em tribunal por difamação contra duas das testemunhas que o implicaram e, consequentemente, o tribunal e instâncias superiores a quem foi pedido recurso não pronunciaram as duas testemunhas por "por falta de provas" e porque "não estavam preenchidos os elementos do tipo de crime que fundamenta a queixa [de difamação]". A seu lado, em julho de 2006, o jornal Público noticiava que Paulo Pedroso e Ferro Rodrigues estavam referenciados pelas autoridades.
Fonseca e Castro, o juiz que nega a existência da pandemia, foi ouvido no Conselho Superior de Magistratura há quase uma semana. Mas antes de entrar na audiência do processo disciplinar, que este órgão lhe instaurou, estando em causa a sua expulsão, o juiz insultou vários agentes da PSP. Atualmente está suspenso de funções e a decisão final deverá ser anunciada dentro de um mês. Recorde-se que o juiz foi suspenso de funções pelo Conselho depois de ter divulgado no Facebook as suas teorias e de manifestar discordância em relação às regras do confinamento decretadas pelo Governo e pela Assembleia da República, recusando aplicá-las no Tribunal de Odemira, onde está colocado.
“Falar dos negacionistas só dá audiência e angaria mais seguidores” pic.twitter.com/Q9yswxpuaU
— Camelo(t) (@BarbaDeCamelo) September 12, 2021