Três reclusos morreram esta quarta-feira em duas prisões da capital: dois no estabelecimento prisional de Lisboa, com 37 e 23 anos, e outro no de Alcoentre, que tinha entre 30 e 40 anos.
O primeiro óbito ocorreu pelas 7 horas de quarta-feira quando um dos reclusos do Estabelecimento Prisional de Lisboa se sentiu mal e pediu ajuda aos companheiros de cela. Estes pediram os serviços de saúde da prisão que se deslocaram até à cela. No entanto, foi necessário chamar o INEM, sendo que mesmo assim, já não foi possível reverter a situação e o óbito foi declarado no local. O recluso tinha já problemas cardíacos.
Minutos depois e ainda com a equipa do INEM dentro do estabelecimento, os guardas prisionais procederam à abertura das celas, por volta das 8 horas. Nessa altura encontraram um recluso, também ele já com problemas de saúde, inanimado deitado na cama da sua cela individual. Novamente, a tentativa de reanimação por parte do INEM não obteve resultado e a morte foi declarada no local.
Ainda nessa manhã, mas na cadeia de Alcoentre, no concelho da Azambuja, foi encontrado outro recluso na cama da sua cela individual. Pensando que poderia estar a dormir, os profissionais tentaram acordá-lo e após aperceberem-se da situação, tentaram reanimá-lo. No entanto, os esforços foram também aqui em vão. Tal como nos dois casos anteriores, este recluso teria problemas de saúde.
De acordo com uma fonte da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), tudo aponta para que as três mortes tenham sido consequência das doenças previamente diagnosticada, salientando, no entanto, que os cadáveres vão ser autopsiados, de modo a confirmar as causas da morte, já tendo sido chamadas as autoridades judiciais.
Uma notícia divulgada na quarta-feira pelo Correio da Manhã referia que as mortes tinham sido causadas por uma «nova droga» e que esta chegava às prisões «através de cartas».
Contudo, a DGRSP disse ao Nascer do SOL que «a associação entre estes óbitos e uma determinada causa, como é caso do consumo de estupefacientes, são prematuras e abusivas».
De acordo com o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2020, registaram-se no ano passado 75 mortes nas cadeias portuguesas, 54 por doenças e 21 por suicídio. O relatório refere ainda que estes valores «continuam a refletir o envelhecimento progressivo da população prisional e a existência de doenças, de elevada morbilidade, que afetam parte dos reclusos à entrada do sistema prisional» e que o número de suicídios «confirma o padrão registado nos últimos anos».