O Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde da Universidade de Washington (IHME na sigla inglês) atualizou as projeções para evolução da pandemia de covid-19 a nível global até ao final do ano. Para Portugal, as projeções apontam agora, à luz do estado vacinal da população, para uma ligeira descida de infeções ao longo das próximas semanas e uma estabilização da epidemia acima das mil infeções diárias (diagnosticadas e não diagnosticadas), prevendo um novo aumento de infeções a partir de dezembro, abaixo do que se verificou no último outono.
Em termos de projeção de mortalidade, o cenário considerado mais provável pelo IHME, que publica regularmente projeções para os diferentes países, é que o país chegue ao final do ano com um balanço de 18 300 mortes atribuídas à covid-19 desde o início da pandemia, mais 400 mortes do que atualmente. Num pior cenário, que tem por base premissas como haver um aumento de 25% da mobilidade face a valores pré-pandémicos, disseminação de novas variantes de preocupação ou que todas as pessoas vacinadas deixam de usar máscara, bem como maior relutância na adoção de medidas restritivas caso se verifique um aumento de mortalidade para o patamar das 8 mortes por milhão de habitantes – o que não antecipam para Portugal nos próximos meses – a projeção é de que possa haver um aumento de infeções a partir do final de setembro, com um pico em dezembro. Nesse cenário, a projeção do IHME é que o país poderia registar um pico de infeções superior ao de janeiro deste ano, superando de novo as 100 mortes diárias diretamente associadas à covid-19. Nesse cenário, projetam que no final do segundo ano pandémico Portugal contabilize 22 mil mortes associadas pandemia.
Projeções com incertezas Na apresentação dos resultados, Christopher Murray, do IHME, apontou dois fatores de preocupação que consideram que podem não estar a ser devidamente captados pelas projeções: por um lado, novas variantes, que, tal como aconteceu com a delta em abril, podem alterar os cenários. Por outro lado, a diminuição da imunidade conferida pelas vacinas, não só em termos de risco de infeção mas também de proteção contra doença grave.
A equipa do IHME estima que 21% da população portuguesa já esteve ou está infetada com covid-19 e que atualmente a percentagem de deteção de casos ronda os 60%. Assinalando Portugal com o país onde mais pessoas mostrou intenção de ser vacinada, estimam que no final do ano 9,2 milhões de portugueses tenham pelo menos uma dose da vacina, o que calculam que represente, dada a eficácia das vacinas, 69% da população imune. O IHME, que chegou a prever um outono com pressão elevada nos serviços de saúde portugueses, projeta agora no cenário mais provável que o país terá uma pressão baixa nos cuidados intensivos nos próximos meses no que diz respeito à covid-19, um cenário mais favorável do que o projetado para a maioria dos países europeus.
As projeções do Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças, com um horizonte de quatro semanas, apontam a esta altura também para uma descida de infeções e de óbitos em Portugal até meados de outubro, em linha com a atual tendência decrescente da epidemia, depois de um verão com mais mortes do que em 2020.
Mortes este mês já superam setembro de 2020 Na última semana foram diagnosticados no país 6272 novos casos de infeção por Sars-Cov-2, menos 25% do que na semana anterior. Os dados por faixa etária disponibilizados pela DGS, que o i analisou, mostram no entanto que, ao contrário da semana anterior, houve de novo um aumento de diagnósticos na faixa etária dos maiores de 80, enquanto nos restantes grupos etários se mantém a tendência de descida. Apesar da diminuição da taxa de letalidade, o que tem sido associado à vacinação, desde o início do mês de setembro já morreram 157 pessoas com covid-19 no país, um balanço que superou em três semanas as 153 mortes registadas em todo o mês de setembro de 2020.