Coimbra é o concelho das eternas “obras por fazer”. Da nova maternidade ao metro do Mondego, esta cidade a centro do país será o maná das empresas de engenharia civil, no dia em que se decida, de uma vez por todas, avançar com estas propostas. O metro do Mondego, por exemplo, está na gaveta desde os anos 90, e acabou por sofrer com um mau timing e com as crises do início dos anos 2000. Da nova maternidade de Coimbra fala-se, pelo menos, desde 2016, e o projeto continua a ser arma de arremesso político, tanto a nível autárquico como a nível nacional.
Agora, a 26 de setembro, os coimbrenses vão decidir se querem revalidar o voto em Manuel Machado, o ‘dinossauro autárquico’ socialista que preside o concelho desde 2013, e que já tinha sido autarca em Coimbra entre 1989 e 2001.
Machado, aliás, que conta com o apoio do antigo Presidente da República, António Ramalho Eanes, que estará, acompanhado pela mulher, em Coimbra, no dia 23, quando será apresentada a Comissão de Honra desta candidatura socialista, a que o mesmo preside. Um encontro que estava já marcado há uns meses, quando, segundo sabe o i, Machado e o casal se deveriam ter juntado num concerto. “Na altura, não puderam estar presentes mas disponibilizaram-se para, mais tarde, estar a seu lado em Coimbra. Porque têm palavra e honram os seus compromissos, não poderiam, agora, recusar este convite”, referiu o gabinete do antigo Presidente da República ao i. A ligação entre o casal Ramalho Eanes e Machado é já longa, estendendo-se ao longo de quarenta anos, em que o antigo Presidente da República se tornou próximo do candidato, sendo mesmo seu padrinho de casamento.
Do outro lado da luta está, no entanto, o ex-bastonário da Ordem dos Médicos José Manuel Silva, cabeça de lista da coligação Juntos Somos Coimbra, que junta PSD, CDS-PP, PPM, Volt, RIR, Aliança e Nós, Cidadãos.
Silva é a forte aposta do PSD, que aponta nestas eleições à retoma de Coimbra, concelho que lhes fugiu em 2013 para as mãos dos socialistas. Chegou a falar-se do nome de Pedro Santana Lopes para representar o PSD nesta autarquia, mas a escolha acabou mesmo por recair em José Manuel Silva, e os sociais-democratas estão mais atentos que nunca a este concelho.
Recorde-se que, recentemente, a Assembleia da República aprovou na generalidade, com votos a favor do PSD, CDS, Iniciativa Liberal e oito deputados do PS, a transferência da sede do Tribunal Constitucional e Supremo Tribunal Administrativo para Coimbra, por iniciativa do PSD. Uma jogada que poderá dar alguns pontos aos sociais-democratas neste concelho, especialmente quando a medida foi rotulada como sendo “desprestigiante”, por parte do próprio Tribunal Constitucional.
Corrida preenchida Para além do PSD e do PS, estão na corrida autárquica em Coimbra a CDU (Francisco Queirós), Chega (Miguel Ângelo Marques), IL (Tiago Meireles Ribeiro) e PAN (Filipe Reis), bem como a candidata Inês Tafula, numa coligação entre o PDR e o MPT, e o independente Jorge Gouveia Monteiro, antigo militante da CDU, com o movimento Cidadãos por Coimbra.
Propostas
Tempo é dinheiro
O movimento Juntos Somos Coimbra, liderado por José Manuel Silva, quer facilitar as comunicações e os trâmites entre empresas e a autarquia.
Assim, propõe a criação de uma “via rápida para o investimento empresarial”. “São em primeiro lugar os enormes atrasos de resposta da Câmara de Coimbra que têm afastado o investimento e o emprego de Coimbra, pelo que será desenvolvido uma programa de desburocratização e melhoria contínua da qualidade e eficiência dos serviços”, pode-se ler no programa da candidatura.
Gestão de águas pluviais
A Iniciativa Liberal, no seu núcleo de Coimbra, quer estar preparada para os dias de chuva. Com vista aos perigos das cheias e “eventos climatéricos extremos”, os liberais querem levar a cabo uma série de medidas para proteger a população, como a elaboração de Mapas de Risco de zonas vulneráveis de águas pluviais urbanas, a otimização das medidas de controlo de águas pluviais e a formação de quadros do município.
Marina coimbrã
O atual autarca e recandidato Manuel Machado aposta no “casamento” das margens do rio Mondego. Para tal, propõe a construção de uma marina sobre o mesmo, integrada num novo Parque Urbano Verde Desportivo e de Lazer.