Os brasões florais, retratados em bucho, situados na Praça do Império, em Lisboa, vão mesmo ser removidos. Os brasões com os símbolos das capitais de distrito e das ex-colónias rumarão, agora, para a calçada – como havia proposto o Movimento Nova Portugalidade nas suas petições de 2017 e 2021.
Uma solução que parece agradar aos dois lados, uma vez que Sá Fernandes, vereador do Ambiente, Clima e Energia, Estrutura Verde e Serviços Urbanos, conseguirá, de facto, apagar os brasões florais e, ao mesmo tempo, o movimento tê-los-á representados na calçada. Sabe ainda o Nascer do SOL que, por parte da Câmara Municipal de Lisboa, foi inicialmente proposta a construção de placas com os brasões, algo que o Movimento Nova Portugalidade terá rejeitado.
Resistência de peso
Recorde-se que a remoção dos brasões florais da Praça do Império originou forte polémica, com vários milhares a insurgirem-se contra o projecto de restauração daquela praça de referência na zona de Belém. Entre as muitas personalidades que assinaram as petições contra a remoção dos brasões florais incluem-se os ex-Presidentes da República António Ramalho Eanes e Aníbal Cavaco Silva, mas também o ex-primeiro-ministro e ex-presidente da Câmara de Lisboa Pedro Santana Lopes ou o antigo ministro Bagão Félix e o sociólogo António BArreto. Apesar de nem Ramalho Eanes nem Cavaco Silva terem assinado a petição da Nova Portugalidade, ambos manifestaram apoio público à causa: «A Praça do Império é, toda ela, uma homenagem à gesta dos Descobrimentos, feito de que os Portugueses se devem orgulhar. Portugal soube manter uma amizade sólida com os países de expressão portuguesa, baseada no respeito mútuo e numa cooperação continuamente aprofundada. Espero que se tenha o bom-senso de recuperar e preservar os brasões florais que evocam a memória da nossa presença Além Mar e devem ser hoje celebração dessa proximidade entre países irmãos», dizia, em Fevereiro, Cavaco Silva. Já Ramalho Eanes, ao i, apesar «de não assinar petições», demonstrava-se solidário com a causa da Nova Portugalidade, discordando do projeto da autarquia.
Também o sociólogo António Barreto, em fevereiro, deixou duras críticas às intenções da Câmara de Lisboa, considerando uma demagogia querer refazer-se o jardim mas não «demolir o Mosteiro dos Jerónimos», notando haver um «universo de abdicação da História, da sua negação, quando devia haver era um enorme esforço de fazer cada vez mais História e mais rigorosa». Barreto relembrava ainda como «durante 100 anos se falava da escravatura como uma vantagem, com orgulho, e é verdade que a escravatura não merece o menor orgulho» mas «aconteceu».