A pandemia não afetou para baixo os preços praticados no mercado de arrendamento. E depois de uma subida de 5,3% no primeiro trimestre, os valores voltaram a aumentar ainda mais no segundo trimestre. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), os arrendamentos ficaram 11,5% mais caros, o que representa uma mediana nacional de 6,03 euros. Lisboa, tal como tem vindo a ser habitual, continua a ser a cidade mais cara para arrendar casa em todo o país.
Mas vamos a números. Entre abril e junho, foram assinados 20568 novos contratos de arrendamento de alojamentos familiares no país, o que mostra um aumento de 49,3% face ao trimestre anterior. Neste período, o valor mediano das rendas subiu 11,5% para 6,03 euros por metro quadrado face ao mesmo trimestre do ano passado, uma subida mais acentuada do que a observada no primeiro trimestre (5,3%), quando as rendas estavam nos 5,8 euros.
Nos primeiros seis meses do ano, cerca de 30 municípios apresentaram rendas acima do valor nacional com Lisboa a liderar o pódio: (11,12 euros por metro quadrado), seguido por Cascais (10,56 euros por metro quadrado) e Oeiras (9,86 euros por metro quadrado) em terceiro.
Numa análise às 25 sub-regiões do país, houve quatro com rendas acima do valor nacional, mantendo-se a capital como a zona mais cara. Na Área Metropolitana de Lisboa (AML), onde foram celebrados 7.171 contratos de arrendamento — cerca de um terço do total –, o valor mediano das rendas fixou-se nos 8,82 euros. Atrás aparece o Algarve (6,96 euros), a Área Metropolitana do Porto (6,4 euros) e a Madeira (6,32 euros).
Beato foi exceção
Nos primeiros seis meses do ano, duas das 24 freguesias de Lisboa registaram valores medianos de novos contratos de arrendamento de habitação superiores a 13 euros por metro quadrado. Sendo elas, a freguesia de Santo António (13,28 euros metro quadrado) e da Misericórdia (13,13 euros por metro quadrado). Por outro lado, as freguesias de Santa Clara (8,11 euros por metro quadrado), Marvila (9,70 euros por metro quadrado) e Lumiar (10,02 euros por metro quadrado) apresentaram os valores mais baixos.
Nesse mesmo período, 23 das 24 freguesias de Lisboa registaram taxas de variação homóloga negativas, sendo a freguesia do Beato (+0,1%) a exceção. Segundo o instituto de estatística, as freguesias Parque das Nações e São Vicente registaram rendas acima do município de Lisboa (11,12 euros por metro quadrado) e taxas de variação, face ao período homólogo, superiores que a verificada no município de Lisboa (-6,7%).
Por seu turno, as freguesias de Santa Clara, Lumiar, Olivais, Areeiro, Carnide, São Domingos de Benfica e Belém registaram valores de arrendamento e taxas de variação face ao período homólogo inferiores aos do município de Lisboa.
Porto não fica atrás
No norte do país, foi a União de freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória que se destacaram por registar o valor de rendas de novos contratos mais elevado (9,17 euros por metro quadrado), entre as sete freguesias do município do Porto, no primeiro semestre.
Já Ramalde (8,04 euros por metro quadrado) e Campanhã (7,65 euros por metro quadrado) registaram os valores abaixo da renda mediana do município do Porto (8,61 euros por metro quadrado) e uma taxa de variação homóloga (-8,2% e -4,4%, respetivamente) inferior à do Porto (-3,6%).
O presidente da APEMIP já tinha revelado ao Nascer do SOL que o setor imobiliário não ficou indiferente aos efeitos dos períodos de confinamento que, por todas as limitações que daí resultaram e que acabaram por condicionar atividade imobiliária. “Mas passado quase um ano, o mercado mostrou resiliência e voltou a apresentar uma atividade extraordinária em linha com os níveis de 2019”.
E esta tendência também se verifica no mercado de compra. Para Paulo Caiado, as perspetivas são animadoras. “Acredito que o mercado imobiliário residencial tem manifestado uma tendência de subida positiva nos últimos meses. No primeiro trimestre deste 2021, entre janeiro e março, o valor das vendas na habitação ascendeu a 6,9 mil milhões de euros, um crescimento de 2,5% face ao idêntico período de 2020. Deste valor total, cerca de 5,6 mil milhões euros corresponderam a alojamentos existentes e 1,2 mil milhões de euros a transações de alojamentos novos”.
E face a esse cenário não há margem para dúvidas: “A tendência é que 2021 continue a ser um ano de crescimento significativo no mercado imobiliário”.