A economia portuguesa vai crescer 4,8% este ano, aproximando-se do nível pré-pandemia no final do ano. A projeção, divulgada esta quarta-feira, é do Banco de Portugal que garante que “a recuperação da atividade reflete o controlo da pandemia, através do processo de vacinação – com efeitos positivos na confiança dos agentes económicos – e a manutenção de políticas económicas expansionistas”. Já a inflação situa-se em 0,9%.
O banco liderado por Mário Centeno destaca ainda que, nos primeiros seis meses do ano, “a queda da atividade e subsequente recuperação foram mais acentuadas nos serviços que envolvem maior contato social”. A despesa em serviços continua abaixo do período pré-pandémico, “dada a persistência de comportamentos de precaução, a recuperação lenta do turismo e um maior recurso ao teletrabalho”. Do lado oposto, a despesa em bens está já acima dos níveis pré-pandémicos, “embora condicionada pelas perturbações na oferta”.
O Banco de Portugal detalha ainda que, este ano, “a economia portuguesa continua o processo de recuperação iniciado no terceiro trimestre de 2020”, acrescentando que “o choque pandémico revelou-se temporário, não obstante o impacto mais prolongado em alguns setores e empresas”.
Mas não há dúvidas: “Os desafios mais próximos incluem a redução do endividamento, a utilização eficiente do Plano de Recuperação e Resiliência e a necessária reafectação de recursos físicos e humanos em resposta à transição climática e digital”.
Feitas as contas, o Banco de Portugal informou que o consumo privado cresceu 4,3% este ano, uma subida que foi sustentada “pelo crescimento do rendimento disponível e pela redução gradual da taxa de poupança”. Já o crescimento do rendimento disponível em termos reais “resulta da recuperação forte do emprego e do dinamismo dos salários nominais, sendo atenuado pelo aumento da inflação”.
Para o consumo público, a previsão é de que cresça 5,2% em termos reais, depois de uma quase estabilização no ano passado.
No caso do investimento, este cresce 5,6%, “sustentado pelas perspetivas de recuperação, pelos fundos europeus e pelo crédito a taxas de juro baixas e com garantia do Estado”.
Passando para as exportações de bens, diz o banco liderado por Mário Centeno que cresceram 10,7% este ano, “acompanhando o dinamismo da procura externa dirigida à economia portuguesa”. No entanto, “as perturbações nas cadeias de abastecimento continuam a afetar a evolução deste agregado até ao final do ano”.
Mas a pandemia continua a afetar as exportações de serviços que cresceram 7%, depois de uma redução de 37,2% no ano passado. “No final do ano, as exportações de serviços situam-se cerca de 20% abaixo dos valores pré-pandemia”.
Assim, o saldo da balança corrente e de capital aumenta, situando-se em 1% do PIB, “beneficiando da entrada de fundos europeus”.
No mercado de trabalho, o emprego aumenta 2,6% e a taxa de desemprego reduz-se para 6,8% (7% em 2020), “beneficiando da recuperação dos serviços mais intensivos em trabalho”, justifica o BdP.