A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou, esta quinta-feira, o grupo de 26 especialistas que irá investigar os novos vírus infecciosos que possam provocar pandemias e que terá como uma das missões estudar a origem da covid-19, naquela que poderá ser a última hipótese de descobrir a origem desta doença.
“Esta é a nossa melhor oportunidade e pode bem ser a última chance de compreender a origem do vírus” de uma forma académica, afirmou o diretor de Emergências da OMS, Michael Ryan.
Segundo a equipa, escolhida entre 700 candidatos, nomeada Grupo Consultivo Científico para as Origens de Novos Patógenos (SAGO), a urgência para realizar a investigação deve-se à necessidade de efetuar “mais de três dúzias” de testes, entre eles a de anticorpos nos residentes de Wuhan contaminados em 2019 e estudar as primeiras mortes por coronavírus, explicou Maria van Kerkhove, uma das técnicas da OMS que lidera os esforços, citada pela BBC.
“Antecipo que o SAGO irá recomendar mais testes na China e, potencialmente, noutros locais, esclareceu, acrescentando que “não há tempo a perder”.
Além destes testes, a OMS adiantou que também serão realizadas investigações em hospitais e laboratórios da região de forma a descartar completamente a hipótese de que o vírus saiu de um laboratório.
Esta é uma decisão algo controversa, em fevereiro, a OMS já tinha enviado uma equipa para investigar a origem da covid na China, que resultou na publicação de um relatório que concluía que tinha existido uma transmissão diretamente de morcegos para humanos, tendo o grupo considerado “extremamente improvável” a hipótese de que o vírus tenha saído de um laboratório, apesar do relatório afirmar que existia a necessidade de realizar mais análises.
Contudo, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse posteriormente que a investigação foi dificultada por falta de dados e de transparência por parte do governo chinês.
Para além do coronavírus, ainda serão examinadas as origens de outros patógenos considerados de alto risco. “Compreender de onde vêm os novos patógenos é essencial para evitar novas pandemias”, afirmou o diretor da OMS.
“O aparecimento de novos vírus com potencial para desencadear epidemias e pandemias é um facto da natureza e, apesar de o SARS-CoV-2 ser o vírus mais recente, não será o último”, afirmou Ghebreyesus. “Entender de onde vêm os novos patógenos é essencial para prevenir futuros surtos com potencial epidémico e pandémico e requer um leque vasto de conhecimento. Estamos muito satisfeitos com o calibre de especialistas selecionados (…) e esperamos trabalhar com eles para tornar o mundo num lugar mais seguro”, acrescentou.