Líderes de todo o mundo, académicos, ativistas climáticos preparam-se para a Cimeira sobre as alterações climáticas em Glasgow, ou COP26. Depois da desilusão da COP25 – após a conferência de 2019, em Madrid, até o próprio secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, se mostrou desiludido – há grandes expectativas de que seja desta que o mundo promete chegar a algo próximo neutralidade carbónica em 2050. E se comprometa a não chegar à meta de não aquecer mais do que 1,5 ºC a temperatura do planeta.
Aliás, o próprio Guterres desta vez mostrou-se publicamente “profundamente inquieto” com as promessas feitas até agora, mas com “esperança”.
No entanto, o facto de não se esperar a presença de alguns líderes mundiais – em particular o Presidente da China, Xi Jinping, e o seu homólogo russo, Vladimir Putin – levanta receios quanto ao sucesso da cimeira. Ainda que haja confirmação de que o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deverá estar presente em Glasgow, bem como o Presidente da Índia, Narendra Modi.
Ainda assim, houve algumas promessas particularmente significativas. A Arábia Saudita, um dos maiores produtores de petróleo do planeta, ainda este sábado assegurou que planeia tornar-se neutra a nível de emissões de carbono até 2060, além de ter surgido de novo o compromisso da própria organização da COP de tentar juntar pelo menos 100 mil milhões de dólares (o equivalente a 86 mil milhões de euros) anualmente para financiar a transição verde nos países em desenvolvimento. É uma meta de que se fala desde 2009, mas até agora nunca foi cumprida.
Outra vitória simbólica, aos olhos de boa parte dos ativistas climáticos, foi a decisão da COP26 de recusar aceitar quaisquer patrocínios de empresas petrolíferas, tendo estas sido acusadas de usar as conferências climáticas como maneira de branquear – ou talvez esverdear fosse o melhor termo – a sua imagem pública.
No entanto, o risco de os líderes mundiais mais uma vez não se conseguirem entender é cada vez maior. E os avisos começam a chegar quanto aos impacto das alterações climáticas e o seu potencial para criar instabilidade geopolítica.
“Estamos a falar de facto em preservar a estabilidade de países, preservar instituições que construímos ao longo de tantos anos, preservar os grandes objetivos que os nossos países montaram”, alertou este domingo Patricia Espinosa, secretária executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, o encontro que precede a COP26, para a preparar.
“Isso significaria menos comida, portanto provavelmente uma crise na segurança alimentar. Isso deixaria mais pessoas vulneráveis a situações terríveis, grupos terroristas, grupos violentos. Isso significaria imensas fontes de instabilidade”, continuou Espinosa, citada pelo The Guardian. “O cenário catastrófico indicaria que teremos fluxos massivos de pessoas deslocadas”.