O Presidente da República disse, esta segunda-feira, que não tinha conhecimento da megaoperação da Polícia Judiciária (PJ) relacionada com tráfico de ouro, diamantes e droga, que envolve membros da elite do Exército, e que levou esta segunda-feira a mais de 100 buscas em todo o país e à detenção de pelo menos dez pessoas. Marcelo assegurou que está a ser feito de tudo para apurar se as suspeitas têm razão de ser e diz que é necessário “confirmar se são casos isolados”. Além disso, o chefe de Estado defende que a investigação “não tira prestígio” às Forças Armadas.
Sublinhe-se que estarão envolvidos comandos e ex-comandos que passaram por missões portuguesas da ONU na República Centro Africana, sendo alguns deles agentes da PSP e militares da GNR. O esquema servia para o tráfico de ouro, diamantes e droga, transportados para a Europa com recurso a aviões militares, cuja carga não era fiscalizada.
“Eu normalmente em território estrangeiro não faço comentários sobre a situação portuguesa, mas aqui é uma situação de projeção internacional, de prestígio das Forças Armadas, nomeadamente numa intervenção neste continente, continente africano”, começou por dizer Marcelo à chegada a Cabo Verde, onde se deslocou para a tomada de posse do seu homólogo naquele país.
“Logo que houve a denúncia, no final de 2019, as Forças Armadas, elas próprias, através do Estado-Maior General das Forças Armadas, em colaboração com o Estado-Maior do Exército, desencadearam as investigações. Segundo, a Polícia Judiciária Militar teve um papel nessas investigações. Terceiro, porque o âmbito era mais vasto, a Polícia Judiciária passou a intervir e a ter um papel fundamental nas investigações ao longo de 2020 e 2021”, sublinhou.
“A ideia é levar as investigações o mais longe possível, para apurar o que se passa, confirmar se sim ou não são casos isolados – como à primeira vista há quem entenda que seja -, e portanto não afetam, em termos de generalização, em termos de prestígio das nossas Forças Armadas, que está incólume”, acrescentou.
“Aquilo que se passa é que as Forças Armadas, elas próprias, fizeram o que deviam ter feito. As instituições de investigação policial estão a fazer o que deve ser feito, e isso mesmo pude verificar em contacto com o senhor ministro da Defesa nacional e confirmando o que disse o senhor ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, bem como o Estado-Maior General das Forças Armadas”, reforçou.
Marcelo disse ainda que as investigações “decorreram sob sigilo, pelos vistos a partir do final de 2019 e ao longo de 2020 e 2021”, e que não teve conhecimento do caso.