O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, garantiu, esta quarta-feira, que as bagagens de militares portugueses que regressavam de missões no estrangeiro eram alvo de “procedimentos de fiscalização”, tendo essa fiscalização sido reforçada após as suspeitas de tráfico.
“É importante, em primeiro lugar, desfazer a ideia que é incorreta de que não havia fiscalização. Havia procedimentos de fiscalização e houve um reforço dessa fiscalização depois das denúncias”, começou por dizer o governante, em declarações aos jornalistas à margem da abertura solene do ano letivo do Instituto da Defesa Nacional (IDN), em Lisboa.
Quanto a este controlo, Gomes Cravinho remeteu mais informações para o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), por ser a entidade “responsável operacionalmente por todas essas matérias”.
O ministro justificou ainda que informou as Nações Unidas (ONU) das suspeitas e não o Presidente da República, apenas porque considerou ser importante dar conhecimento das denúncias à ONU, – denúncias essas que já tinham sido entregues às autoridades judiciais portuguesas, encarregues de lhes dar “o seguimento correto”. Além disso, o governante garantiu ainda que desconhece se a matéria foi alvo “de qualquer inquérito” por parte da organização liderada por Guterres.
“Nenhuma instituição está imune à possibilidade de ter no seu seio elementos que têm um comportamento eticamente reprovável”, defendeu, reforçando que “o que é fundamental é a forma como a instituição reage e a instituição reagiu de forma escorreita e de forma exemplar”:
“Portanto não põe em causa nem a imagem, nem o comportamento das Forças Armadas”, insistiu, deixando ainda claro que está “absolutamente” confortável no seu cargo.
“Acho que as instituições funcionaram de forma absolutamente correta e obviamente que me dá satisfação quando vejo isso a acontecer”, considerou.
Recorde-se que foram constituídos 11 arguidos no âmbito da denominada Operação Miríade – em causa está uma rede criminosa, segundo a PJ, com ligações internacionais e que “se dedica a obter proveitos ilícitos através de contrabando de diamantes e ouro, tráfico de estupefacientes, contrafação e passagem de moeda falsa, acessos ilegítimos e burlas informáticas”. Entre os arguidos estão militares, ex-militares, nomeadamente Comandos, um agente da PSP, um guarda da GNR em formação e um advogado.
Segundo avançou o i da edição desta quarta-feira, a denúncia do caso foi realizada por um intérprete da ONU que servia de intermediário entre os Comandos portugueses e as redes de tráfico de diamantes na República Centro-Africana.
{relacionados}