Montepio: recuperação de ativos e aposta na habitação

A par da lista liderada pelo atual presidente também Eugénio Rosa e Pedro Gouveia Alves já apresentaram os seus programas. Se o primeiro aposta na habitação e no corte de salários, o presidente do Montepio Crédito fala na necessidade de recuperação de ativos.

A par de Virgílio Lima que deu o tiro de partida na apresentação das listas para as eleições da Associação Mutualista Montepio Geral (ver páginas 52/53) também a lista liderada por Eugénio Rosa (C) e a de Pedro Gouveia Alves (D) já foram oficializadas. O ato eleitoral vai decorrer no dia 17 de dezembro.

A lista de quadros como ficou conhecida a lista D, liderada pelo atual presidente do Montepio Crédito, pretende recuperar o valor dos ativos da Mutualista: banco e subsidiárias, seguradoras, gestoras de ativos e fundos de pensões e imóveis, tal como i já tinha avançado.

«Sabemos todos o trabalho imenso que temos pela frente. Mas também sabemos que é preciso mudar a fórmula da gestão que, nos últimos tempos, tem vindo a ser adotada», afirmou Pedro Gouveia Alves, na apresentação da candidatura. E acrescentou: «Nunca como nos dias que vivemos o Mutualismo foi tão necessário e a associação não tem sabido estar à altura dos novos desafios. Não tem sabido apoiar os seus associados e constituir-se como a instituição de referência que, em tempos, já foi, com elevado relevo na sociedade portuguesa», referiu.

De acordo com o candidato, os números da associação, recentemente apresentados, «ditam, por si só, a necessidade de um novo olhar sobre a instituição. Mas aos números, junta-se a manifesta desmotivação dos seus trabalhadores e o descontentamento muitas vezes velados dos associados», face a um cenário que, no seu entender, tem vindo a piorar de ano para ano. «Não faz sentido falar em continuidade. É imperativo que a nossa associação ganhe novo fôlego, aposte em abordagens de proximidade com os associados e que garantam a melhoria do desempenho das várias participadas, pois só assim estaremos a dar ao mutualismo a importância que ele efetivamente tem», afirmou. 

Tal como já tinha sido avançado pelo i, a lista D pretende desenvolver eixos de suporte às pessoas na sua vida ativa: previdência e poupança, complemento de saúde, longevidade e gestão de patrimónios, assim como gerar valor social a médio e longo prazo através da afirmação na economia social, relação com os públicos e melhoria da qualidade de vida. 

Outro eixo do programa assenta na estratégia de modernização do mutualismo: investigação, formação e capacitação dos atores da economia social e parcerias para o empreendedorismo e qualidade das respostas sociais. 

Aposta na habitação
De acordo com o programa da lista liderada pelo economista Eugénio Rosa, «é indispensável recentrar a Associação Mutualista na produção de respostas habitacionais de caráter não especulativo». A ideia passa por posicionar a Mutualista como parceira estrutural para a execução do Plano de Recuperação Resiliência (PRR), assim apoiar  outras formas de produzir habitação que se possam inscrever nas lógicas de Parceria Público-Comunitária.

«Com a intenção de adotar um programa robusto de produção de habitação de caráter não especulativo para arrendamento aos associados, a Lista C pretende ‘estimular a vivência coletiva entre os associados – baseada nos valores da liberdade, igualdade, tolerância, justiça e participação – a partir de soluções de vida em comum, como o co-housing, co-living e outros modelos residências de partilha e colaborativas equivalentes a muitos modelos que estão a ser construídos noutros países de forma generalizada, mas que ainda tardam a chegar a Portugal».

A lista C chama ainda a atenção em relação às residências para seniores, considerando que a atual oferta da Mutualista tem apenas como aposta o segmento de luxo, o que exclui muitos associados. «Apenas algumas pessoas com elevados rendimentos podem usufruir desses serviços. E apesar das residências Montepio terem sido construídas com o dinheiro dos associados, a esmagadora maioria não tem capacidade financeira para ter usufruto destas estruturas».

Eugénio Rosa tem ainda uma palavra a dizer no que diz respeito  à atual situação da Mutualista «A situação em que se encontra a MGAM é consequência da gestão de sucessivas administrações de Tomás Correia, que não acautelaram os interesses dos associados e destruíram em valor mais de mil milhões de euros com decisões irresponsáveis», lembrando ainda que «é indispensável entender que o Montepio é mais do que um banco, regressando aos valores da ética mutualista e garantindo boas contas e boas práticas, com uma nova equipa».

Propõe ainda uma redução significativa no salário dos administradores e o estabelecimento de uma nova grelha salarial em que o salário mínimo praticado seja uma variável para calcular o salário máximo.