‘Grazie per lo spettacolo’, podia-se ler num dos cartazes levantados pela Suzuki, em Valência, como forma de agradecimento e homenagem a Valentino Rossi. O piloto italiano fechou o Gran Premio de la Comunitat Valenciana no 10.º lugar, e pôs um ponto final à sua carreira sobre duas rodas.
A jubilação do verdadeiro ‘professor’ de MotoGP deu azo a uma verdadeira festa, onde as emoções estiveram ao rubro no Circuito Ricardo Tormo, em Cheste, a 26 quilómetros da cidade espanhola de Valência. No fim, Francesco Bagnaia acabou por vencer a última corrida desta temporada do Mundial de MotoGP, com as motas da Ducati a dominar por completo o pódio. O foco, no entanto, esteve também em duas outras figuras da corrida: Fabio Quartararo, que foi, oficialmente, declarado campeão mundial, e Valentino Rossi, dois pilotos em pontas completamente opostas do espetro. O francês, por um lado, celebra assim o primeiro título mundial em MotoGP da sua carreira, aos 22 anos, ao passo que Rossi, com 42, marcou o fim de uns recheados 26 anos de corridas, que lhe valeram 9 títulos mundiais.
Acabada a corrida em Cheste, Rossi exibiu orgulhosamente a bandeira com o número 46, indissociável do seu nome, e foi agraciado com palmas, lágrimas e, de uma forma geral, uma grande festa. Os outros pilotos despediram-se efusivamente do italiano, bem como as próprias equipas técnicas dos restantes emblemas presentes no circuito.
E que sítio para concluir a sua vida sobre duas rodas. Cheste foi precisamente o sítio onde, em 2006, Rossi perdeu a possibilidade de alcançar o hexacampeonato. O italiano foi campeão mundial entre 2001 e 2005 e, no ano seguinte, chegada a última corrida do calendário, em Cheste, tudo apontava para um sexto título consecutivo para o número 46. Saído da pole position, Rossi seguia em bom ritmo para se sagrar campeão mundial, até que, na 4.ª volta, a gravidade cobrou-lhe os excessos, e acabou por cair da mota. Ainda recuperou, mas não conseguiu alcançar mais do que um longínquo 13.º lugar, o que o afastou do título mundial, que acabou nas mãos do americano Nicky Hayden.
Hoje, por outro lado, o título estava já bem longe de Rossi, mas Valência não deixa de ser um lugar icónico para fechar a sua carreira sobre duas rodas, sempre envolto em emoção e dedicação ao desporto motorizado. É o fim de uma era, e de uma das figuras mais marcantes de sempre nesta modalidade, que praticamente a carregou às costas ao longo das últimas duas décadas, e cujo nome ficará, para sempre, nos anais.
BAGNAIA CAMPEÃO Em Valência, no entanto, e com Quartararo tendo já garantido o seu lugar como campeão mundial em 2021, o destaque acabou por ir para Francesco Bagnaia e para a Ducati, que conseguiu colocar as suas motas nos primeiro três lugares da corrida.
O italiano batalhou durante toda a corrida por um lugar no pódio, e acabou mesmo por cruzar a meta em primeiro lugar, repetindo o feito alcançado em Portimão, na semana passada. Seguiram-se, respetivamente, Jorge Martin na segunda posição e Jack Miller na terceira.
Miguel Oliveira, da KTM, arrancou do 20.º lugar da grelha, mas acabou por subir rapidamente na grelha, alcançando, até ao fim da corrida, o 14.º lugar.