O jornalista e escritor José Rodrigues dos Santos lamentou, esta quarta-feira, que os seus livros não tenham o mesmo impacto em Portugal que têm no estrangeiro.
Durante uma entrevista no programa da TVI ‘Dois às 10’, na sequência do lançamento do seu mais recente livro ‘O Jardim dos Animais com Alma’, José Rodrigues dos Santos acabou por ser questionado por Cláudio Ramos sobre se já “sentiu algum preconceito na pele” por ser um jornalista a lançar romances. “As pessoas olharam de lado?”, perguntou o apresentador.
“Em determinados meios, o público em geral não, em determinados meios isso aconteceu e continua a acontecer. É normal”, confessou o jornalista da RTP.
“Sou publicado em 20 línguas, os meus romances saem e em Portugal quase nunca ninguém faz uma crítica e quando fazem é para falar mal. No estrangeiro estão constantemente a fazer críticas e são sempre para falar bem. Ainda agora publiquei ‘O Mágico de Auschwitz’ e está a ter um grande impacto na crítica literária no Canadá, Bélgica, Suíça e França. Em Portugal o livro foi publicado e foi um silêncio”, lamentou, encontrando “vários fatores” para explicar o sucedido.
“Tem a ver com vários fatores. Inveja normalmente é um fator. O público não tem inveja, mas os pares têm, é um fenómeno normal que temos de compreender e aceitar”, considerou.
“Mas depois há outro aspeto que é: eu sou uma pessoa que não tem ligações com políticos, partidos, existe uma indústria montada da qual não faço parte”, disse ainda.
José Rodrigues dos Santos deu depois um exemplo concreto, o de Miguel Sousa Tavares.
“O caso do Miguel Sousa Tavares é muito interessante. Escreveu um livro importantíssimo, que foi o 'Equador' e o primeiro prémio que ele recebeu foi ao fim de dois anos e em Itália. Em Portugal foram incapazes, porque era uma pessoa que não estava no sistema”, afirmou.
Sublinhe-se que depois desta conversa, Cláudio Ramos recorreu às redes sociais para elogiar o jornalista.
“O que mais gosto nas pessoas é a capacidade de me surpreender com elas”, começou por dizer.
“Hoje a visita ao programa do José Rodrigues dos Santos podia resumir-se ‘apenas’ a uma entrevista porreira ao jornalista que vem promover o seu livro. Mas não! O que aconteceu hoje de manhã, foi um estaladão de verdades, umas a seguir às outras, ditas por Ele sem medos nem receios”, escreveu.