Kampala virou o cenário de um pesadelo, sofrendo três atentados por bombistas-suicidas praticamente em simultâneo, com uns poucos minutos de diferença, visando o Parlamento e a sede da polícia da capital ugandesa, esta terça-feira. O número de mortos na tragédia ainda não é claro, mas a expectativa é que suba rapidamente, com os hospitais cheios de ferido e pedaços de corpos espalhados pelas ruas, entre os destroços, descreveu um repórter da BBC.
Para já, as autoridades ugandesas apontam o dedo às Forças Democráticas Aliadas (ADF, na sigla inglesa). Trata-se de um grupo rebelde armado, ativo no oeste do país mas sediado na República Democrática do Congo. O grupo começou como mera guerrilha de oposição ao regime ugandês, mas de alguma forma mutou, sendo hoje a filial local do Estado Islâmico.
“Os terroristas continuam a mudar as táticas e agora subiram a fasquia para ataques bombistas”, explicou ao canal britânico a porta-voz do exército ugandês, a brigadeira-general Flavia Byekwaso.
Aliás, as autoridades ugandesas, que dizem ter capturado um potencial bombista antes do ataque, apreendendo um colete-suicida numa rusga a sua casa, mantêm o alerta para o risco de atentados terroristas no seu nível mais elevado. Avisando em particular para potenciais atentados suicidas adicionais das FDA, que ainda terão células ativas na capital.
Se o propósito deste género de atentados é instilar o terror, os ataques de terça-feira foram particularmente bem sucedidos. As imagens das câmaras de segurança mostram um adulto a detonar uma mochila próximo de um checkpoint à entrada da sede da polícia de Kampala, por volta das 10h00 (13h00 no fuso horário de Portugal continental), segundo a CNN. Três minutos depois, avançavam dois bombistas suicidas, de motorizada, lançando-se contra o Parlamento, enchendo a baixa de Kampala com estilhaços de vidro e carros a arder, enquanto transeuntes desesperados tentava fugir.
“Ouvi um boom enorme, como se uma arma grande tivesse disparado. O chão tremeu, fiquei surdo”, descreveu à Reuters Peter Olupot, guarda de um banco nas proximidades do Parlamento. “Todos estavam a correr e em pânico”, relatou.
Há muito que o Uganda é visto pelos países ocidentais como um baluarte contra o extremismo islâmico na África Oriental, permitindo-lhes, como tal, fechar os olhos aos excessos do seu ditador, Yoweri Museveni, que está no poder há 35 anos. Aliás, as tropas do Uganda participam na força de manutenção da paz a União Africana na Somália, enfrentando a Al Shabaab, uma filial somali da Al Qaeda.
Este triplo ataque suicida é o segundo atentado atribuído ao ADF. Ainda o mês passada um bombista suicida rebentou num autocarro nos arredores de Kampala – talvez fosse um ensaio para o sofisticado atentados desta terça-feira. No mesmo mês, uma bomba foi deixada dentro de um saco de compras, explodindo dentro de um bar na capital, matando uma empregada