Este sábado foi o primeiro dia de produção de eletricidade onde a queima de carvão deixou de fazer parte das opções na produção de eletricidade em Portugal, graças ao fim dessa atividade pela Central Termoelétrica do Pego.
O marco foi assinalado pela associação ambiental Zero. “Apesar de licenciada para funcionar até 30 de novembro, a Central Termoelétrica do Pego esgotou o stock de carvão que tinha na passada sexta-feira”, diz a associação em comunicado.
Para a Zero, “esta data histórica em que se deixa de utilizar em Portugal o combustível mais poluidor em termos de emissões de gases com efeito de estufa causadoras das alterações climáticas, antecipando um objetivo que estava inicialmente traçado para 2030, não deixa de ser um alerta para a necessidade de planear antecipadamente e assegurar uma transição energética justa para o país rumo à neutralidade carbónica em 2050 ou desejavelmente antes”.
A Zero fez as contas e assinala que durante muitos anos, a central do Pego “foi a segunda maior responsável pelas emissões de dióxido de carbono em Portugal a seguir à Central Termoelétrica de Sines”, que encerrou em janeiro deste ano.
Assim, entre 2008 e 2019, a Centro do Pego representou, em média, anualmente, 4% das emissões totais nacionais de gases com efeito de estufa (GEE), variando entre 1,6 e 5,3 em função da produção realizada (2019 é o último ano com emissões totais nacionais disponíveis). Em termos absolutos, a média anual foi de 4,7 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente, diz a Zero.
Com Sines e Pego encerradas, o país “deverá registar uma enorme quebra de emissões de carbono, dado que o recurso a centrais de ciclo combinado a gás natural, caminho temporário para uma solução 100% baseada em fontes renováveis, se traduz em emissões de pouco mais de um terço por cada unidade de eletricidade produzida em comparação com o carvão”.