A noite de segunda-feira foi, no mínimo, peculiar. Na RTP, os dois candidatos à presidência do PSD, Rui Rio e Paulo Rangel, foram entrevistados. Rio e Rangel, no entanto, deram cada um a sua própria entrevista, individual, e sem momento de debate, mantendo-se Rio fiel à sua promessa de que se dedicaria à campanha para as eleições legislativas, pondo de lado as diretas do partido e evitando debates com Rangel.
O atual presidente do PSD não hesitou, no entanto, em esclarecer aquilo que faria de si um melhor candidato às eleições legislativas do que Rangel. “A maior diferença que vejo entre nós os dois é, evidentemente, a preparação para cargo de primeiro-ministro. Estou como líder de partido há quatro anos, já fiz umas legislativas e Paulo Rangel vai ter de fazer um curso intensivo”, acusou Rio, em entrevista à RTP.
“Ninguém consegue, em dois meses, preparar-se para um cargo desta responsabilidade”, continuou o líder social-democrata, acusando a campanha interna de Rangel de estar “sempre em ziguezagues”. “Um dia diz uma coisa, no outro dia diz um bocadinho o contrário do que tinha dito antes, e anda a ziguezaguear por aí.”
Rangel preparado Por outro lado, o eurodeputado garante preparado para o cargo, destacando a sua experiência política como salvaguarda desta preparação.
“Há uma coisa para a qual não estou preparado, é para ser vice-primeiro-ministro. Para primeiro-ministro, os portugueses conhecem-me. Tenho visão, tenho uma equipa credível, tenho um programa. Com a minha experiência europeia… é preciso ter rede internacional… e já passei pelo Governo, coisa que nunca aconteceu com Rui Rio”, atirou Rangel, também em entrevista à RTP.
O eurodeputado acusou o líder social-democrata de ser “um líder do sistema”. “[Rui Rio] está há 40 anos no sistema político, portanto há aqui uma renovação geracional, é um aspeto importante”, concluiu ainda Rangel.
PS, ou não PS? Um dos principais temas em que Rio e Rangel distam é nos eventuais acordos políticos que o PSD possa fazer, após as eleições legislativas, caso sejam necessários para fazer Governo. Rio admite negociar com os socialistas e estar preparado para criar pontes com os mesmos, ao passo que Rangel, em tom de crítica a Rui Rio, afirmou não estar a “concorrer para ser vice-primeiro-ministro”.