Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, concluiu que a TAP “não tem nenhuma utilidade” para a cidade. Fê-lo na sequência da divulgação dos dados relativos aos voos desta companhia aérea na cidade do Porto.
Numa nota publicada no site da Câmara do Porto, Moreira considerou que a TAP tem o seu hub na capital e que, consequentemente, é inútil para o Porto. Descrevendo a companhia como “imperial”, Moreira notou que a estratégia do Governo passa, precisamente, pela concentração da TAP em Lisboa: “Faz parte da estratégia do Governo para a TAP, por muito que o Governo o esconda (…) [e tem como] única estratégia ser uma companhia de hub e o seu hub assumidamente é Lisboa”.
Apesar de dizer que compreende, o edil portuense afirmou não querer continuar a ser prejudicado por isso: “Compreendemos perfeitamente que a TAP seja relevante para Lisboa e que Lisboa seja relevante para a TAP. Não gostamos é de estar a pagar a fatura disso e exigimos para a região um conjunto de recursos necessários para atrairmos outras companhias aéreas”.
Segundo o Jornal de Notícias, a TAP representa apenas 10% dos voos que saem do Porto. Números que “não surpreendem” Rui Moreira: “Isto não nos admira. Não queremos cá a TAP, é melhor que não venha. Ainda por cima, a ligação Porto-Lisboa está cada vez pior”.
Vira costas à TAP, abre o peito ao mundo Devido aos motivos e entendimentos supracitados, Moreira quer ver-se livre da TAP no Porto. Não quer, contudo, que o Porto perca fulgor internacional. Por essa razões, o autarca diz que irá exigir ao governo que providencie os “recursos necessários” para que o Aeroporto Sá Carneiro atraia voos diretos, “nomeadamente internacionais”. “É muito importante voltarmos a ter a Emirates, aumentarmos a frequência da Turkish, termos a United Airlines, a British Airways, a KLM. A TAP mais vale não vir e portanto poupar-nos essa desgraça, mas compensando naturalmente o Porto”.
E que apoios seriam estes? Na opinião de Rui Moreira, a compensação passaria por “apoios, através do Turismo de Portugal” ou outros quer permitissem “garantir rotas para viajar diretamente sem ter de usar outros ‘hubs’”. “Era melhor que a Área Metropolitana do Porto (AMP) se concentrasse em fazer exigências ao Governo, até porque a maior parte dos presidentes de câmara são da cor do Governo, no sentido de nos serem dados recursos, ao Turismo do Porto e Norte, para irmos buscar companhias aéreas. Isso é o que a AMP se deve concentrar em fazer”, expande o autarca.
Só 1 em cada 10 voa pela TAP no Porto Segundo os dados divulgados pelo Jornal de Notícias, a principal companhia área a voar do Aeroporto Francisco Sá Carneiro é a low-cost Ryanair (com 36% dos voos), seguida pela Easy Jet (com 16%), aparecendo só depois a TAP, com os já referidos 10%. Perante estes dados, a TAP justifica-se através das “fortes limitações” trazidas pela pandemia e pelos negócios “hub and spoke” (que fazem de Portugal não um destino final mas apenas uma escala para outro destino).
O cenário negro da TAP no Porto não se verifica em Lisboa. Na capital, a TAP movimenta 44% dos passageiros, sendo, naturalmente, a companhia mais representativa.