Nos últimos sete dias morreram mais 295 pessoas no país do que seria expectável perante a realidade dos últimos anos, estando a verificar-se de novo um período de mortalidade acima do esperado mesmo com menos mortes associadas à covid-19 do que em 2020. O balanço surge na plataforma nacional de vigilância de mortalidade (EVM) do Ministério da Saúde, que mostra um novo período de excesso de mortalidade, menor do que aconteceu no ano passado mas acima do que pode ser considerado o expectável face aos registos dos últimos cinco anos. De acordo com os dados publicados na plataforma EVM do Ministério da Saúde, o excesso de mortalidade está a verificar-se na população com mais de 75 anos e mais na região do Algarve. Apesar de há um ano se estarem a registar mais de 70 mortes associadas à covid-19 por dia, sendo este ano cinco vezes menos, já houve mesmo um dia no final de novembro em que o número de mortes globais no país, o que inclui todas as causas de doenças, covid-19 e outras, mas também vítimas de acidentes, suicídio e agressão, ultrapassou o registo de 2020.
Com os dados disponíveis na plataforma EVM, onde é acompanhada a mortalidade no país diariamente a partir dos certificados de óbito, é possível concluir que nos últimos dez dias de novembro morreram em Portugal 3718 pessoas, quando no ano passado tinham sido registadas 3859 mortes, havendo dias em que o número de óbitos foi idêntico ao de 2020 e um dia em que foi superior, 28 de novembro.
Em novembro de 2020, de dia 21 a dia 30, dados que o Nascer do SOL analisou, foram reportadas pela DGS 680 mortes por covid-19, que representaram na altura 17,6% da mortalidade global registada no país. Este ano, neste mesmo período, foram reportadas à DGS 119 mortes por covid-19, que representam 3,2% dos óbitos, havendo um excesso de mortalidade que é menos explicado pela doença do que no passado. Até ao momento não houve um balanço sobre o excesso de mortalidade que se está a registar e que tende também a verificar-se em períodos de maior frio. Noutros momentos da epidemia, foi apontada como possível causa atrasos na resposta assistencial, mas não é conhecida uma análise recente sobre esse impacto. O EVM não discrimina causas de morte, que são publicadas com um desfasamento de mais de um ano pelo INE após a codificação das causas apontadas pelos médicos nos certificados de óbito.