A ONU alertou que um total de 274 milhões de pessoas em todo o mundo irão precisar de algum tipo de ajuda humanitária em 2022, um aumento de 17% em relação a 2021, um aviso que pode ser lido no relatório Panorama Humanitário Mundial 2022 (GHO 2022, na sigla em inglês), apresentado esta sexta-feira.
O documento aponta que serão necessários pelo menos 41 mil milhões de dólares (cerca de 36 mil milhões de euros) para prestar ajuda a 183 milhões de pessoas que necessitam de uma assistência urgente em 63 países, pessoas que serão abrangidas pelos 37 planos de resposta humanitária conduzidos pela ONU e por organizações parceiras.
«Em 2022, um total de 274 milhões de pessoas irão precisar de assistência humanitária e proteção – um aumento significativo em relação aos 235 milhões de há um ano, que já era o número mais alto em décadas», lê-se no documento.
O documento traça um cenário preocupante sobre as necessidades provocadas por conflitos políticos e armados, deslocações internas, desastres naturais e mudanças climáticas, bem como pela pandemia da doença covid-19 que «não dá sinais de enfraquecimento», apontando especificamente para situações vividas na Etiópia, Myanmar, Síria, Haiti, onde «43% da população precisa de ajuda humanitária», ou Afeganistão.
«A crise climática está a atingir primeiro e de forma mais grave as pessoas mais vulneráveis do mundo. Os conflitos prolongados continuam e a instabilidade agravou-se em várias partes do mundo, nomeadamente na Etiópia, Myanmar e Afeganistão. A pandemia não acabou e os países pobres estão privados de vacinas. O meu objetivo é que este apelo global possa contribuir de alguma forma para restaurar uma réstia de esperança em milhões de pessoas que dela necessitam desesperadamente», afirma o responsável para os Assuntos Humanitários da ONU, Martin Griffiths, sobre o relatório.
Entrando em detalhes, o relatório especifica como no Afeganistão, país sob controlo dos talibãs desde agosto passado, mais de 24 milhões de pessoas necessitam de ajuda, no que será uma «assistência para salvar vidas e para evitar a catástrofe», explica como o Iémen, «apesar dos esforços contínuos para mitigar o risco de fome», «a insegurança alimentar continua a ser um desafio crucial», uma vez que é uma situação que afeta 16,2 milhões de pessoas no país.
No caso de Myanmar, o relatório estima que 14,4 milhões de pessoas precisam de assistência humanitária, lembrando que o país do Sudeste Asiático enfrenta uma crise política, depois da líder do país, Aung San Suu Kyi, de 76 anos, ter sido derrubada por um golpe de Estado a 1 de fevereiro, de direitos humanos e humanitária sem precedentes, «com necessidades que aumentaram dramaticamente desde a tomada do poder pelos militares [em fevereiro passado] e por uma grave terceira vaga da doença covid-19».
Mas estes não são os casos não ficam por aqui, a fome na América do Sul alcançou, no ano passado, um patamar que não era observado há décadas, segundo o mais recente relatório da ONU, tendo sido a região do mundo onde foi registado um maior aumento de pessoas em risco de fome.