Texto escrito por Vítor Rainho e Gonçalo Morais
A fase de grupos da Liga dos Campeões foi uma verdadeira surpresa, fazendo com que algumas equipas “gigantes” tenham caído para a Liga Europa, já se dizendo que a edição deste ano – da “segunda divisão” das provas europeias – é a mais forte de sempre.
Afinal, não é todos os dias que se encontram emblemas como o do Barcelona, Borussia Dortmund, os principais candidatos à vitória final, segundo as casas de apostas, a Atalanta, o Sevilha, Lyon, Zenit, Leipzig ou FC Porto, equipas que costumam andar na Champions League.
A maior novidade é mesmo o colosso Barcelona, que há quase duas décadas não era eliminado na fase de grupos da Liga dos Campeões, tendo por isso caído para a Liga Europa. Um facto que está a deixar a Catalunha à beira de um ataque de nervos, e nem mesmo a contratação de Xavi Hernández, mítico jogador do clube e que começou a sua carreira de treinador no Al Sadd, no Qatar, sucedendo a Jesualdo Ferreira, parece ter conseguido inverter a descida da ex-equipa de Messi ao inferno. Xavi já anunciou que uma “nova era” se vai abrir no clube, dando a entender que muita coisa terá de mudar no clube catalão.
Outros clubes que vão estar no sorteio na próxima segunda-feira são o Lyon, o Mónaco, Real Sociedad, Nãpoles, Bayer Leverkusen, Betis de Sevilha ou West Ham. Grande desafios em perspetiva, embora todas as casa de apostas apontem para o Barcelona e o Borussia de Dortmund como favoritos.
Liga menor ou nem tanto? Muito se discute se a Liga Europa deve ou não ser levada a sério – Mourinho chegou mesmo a dizer que era uma prova menor –, mas é indesmentível que quem nela entra a quer ganhar. O próprio José Mourinho já a conquistou duas vezes – uma pela FC Porto, em 2002 (quando ainda era Taça Uefa), e outra pelo Manchester United, na época de 2016/2017 – e são muitos os grandes clubes que ostentam nos seus museus o segundo troféu mais importante da Europa.
O Real Madrid venceu a competição em dois anos consecutivos, o Chelsea, numa das vezes, venceu na final o Benfica, com um golo do sérvio Ivanovic. O clube da Luz acabaria por perder outra final, esta com o Sevilha e nos penáltis, onde brilhou o guarda-redes Beto. O FC Porto ganhou dois títulos, um com Mourinho e outro com André Villas-Boas, sendo que este último foi contra o Sporting de Braga, na final europeia mais portuguesa de sempre.
Mas a Liga Europa tem outros ilustres vencedores: Inter de Milão e Juventus, Liverpool ou Ajax, entre muitos outros já levantaram o respetivo “caneco”. O primeiro clube a vencer a prova foi o Tottenham, em 71/72 e o recordista é o Sevilha com seis finais ganhas.
Covid desvirtua verdade desportiva? A pandemia tem atacado vários clubes e ontem o Leicester, já eliminado, entrou em campo, em Nápoles, com uma equipa remendada, pois sete jogadores acusaram positivo à covid e não puderam dar o seu contributo. Apesar das baixas, o Leicester perdeu por 3-2. À hora do fecho desta edição, o Sporting de Braga jogava em casa contra o Estrela Vermelha, da Sérvia. Se ganhasse apurar-se-ia automaticamente para a fase seguinte.
Se empatar ou, na pior das hipóteses, perder com os sérvios, o Braga só conseguirá o segundo posto caso a equipa dinamarquesa Midtjylland não vença o Ludogorets – os búlgaros encontram-se em último do grupo somando apenas um ponto. O problema é que o segundo lugar não dá qualificação direta para os oitavos, mas sim para os 16 avos de final. Caso acabe em terceiro lugar, a equipa portuguesa será afastada para a Liga Conferência Europa.
Mas façamos primeiro as contas a um hipotético segundo lugar no grupo. Nesse caso, o Braga terá de enfrentar um dos clubes que “caíram” da Liga dos Campeões – os terceiros classificados dos grupos – e até lhe pode calhar o Barcelona ou Borussia de Dortmund. Se o Braga ficar em terceiro lugar no grupo, depois do jogo de ontem, terá que jogar sempre um playoff para entrar na Conferência Europa.
Certo é que se os bracarenses continuarem efetivamente na competição, Portugal contará com duas equipas na Liga dos Campeões (Benfica e Sporting) e duas na Liga Europa (Porto e Braga).