Em Braga, está entornado o caldo entre a distrital do PS, dirigida por Joaquim Barreto, e a direção da concelhia socialista de Barcelos.
Os barcelenses retiraram, no sábado, a confiança política a Barreto, bem como a Anabela Real, candidata eleita para representar Barcelos nas listas socialistas de Braga. A concelhia denunciou um “acordo prévio” entre ambos para colocar Real – em detrimento de Manuel Mota, nome votado pela concelhia – nas listas, e pediu ao PS nacional, consequentemente, que retirasse os dois nomes.
Num documento enviado aos órgãos nacionais do PS, a que o i teve acesso, a concelhia de Barcelos não deixa dúvidas: “Confirmou-se, dessa forma, o que há muito era notícia, de forma oficiosa: com atos concretos por parte de Joaquim Barreto e Anabela Real, nas costas dos órgãos legitimados, havia já sido acordado que seria esta a candidata em representação da concelhia de Barcelos, não passando todos os atos preliminares à reunião de ontem (sexta-feira, dia 10) de manobras dilatória até à consumação da ‘farsa’.” Fortes acusações do braço concelhio do partido em Barcelos, que tinha apontado Manuel Mota para o lugar entretanto ocupado por Anabela Real.
Mais, o comunicado fala numa violação dos “mais elementares princípios éticos e democráticos”, acusando um processo que “se provou ser sectário, antidemocrático e indigno”.
“Isto é inaceitável para o Partido Socialista. E é lamentável que 47 anos após a revolução de abril, ainda existam atitudes destas, que apoucam os políticos e afastam os eleitores dos partidos. É imperioso restituir a credibilidade política ao PS no distrito de Braga”, conclui a concelhia.
Resposta contundente Face à retirada de confiança política a Barreto e a Anabela Real, os líderes das concelhias socialistas de Braga saíram em defesa do presidente da distrital. Num comunicado conjunto, 13 dos 14 presidentes das comissões políticas concelhias deste distrito argumentam contra as acusações feitas pelo líder barcelense, garantindo estar também solidários com Anabela Real. Miguel Costa Gomes, líder da concelhia de Barcelos, acusam os signatários deste comunicado, não está a prestar ao PS um “bom serviço, pois esperava-se dele que, em tempos de unidade e de luta coletiva, não imperasse interesses individuais”.
“A federação de Braga, legitimada pelo voto dos militantes de todo o distrito, construiu esta lista dentro dos poderes que lhe são próprios num processo reconhecido e apoiado”, refere o comunicado. Os líderes das concelhias acrescentam ainda que “não pode o presidente da concelhia de Barcelos arrogar-se no direito de impor ao distrito o seu pensamento único”, e que “a solução encontrada respeita o peso da sua concelhia e vai buscar a candidata mais votada num processo eleitoral interno onde estavam em causa mais cinco opções”. “Barcelos, como todo o distrito, está representado e bem representado e estamos conscientes de que os socialistas e os cidadãos barcelenses saberão reconhecê-lo”, rematam.
APOSTAS A Comissão Política do PS esteve ontem reunida para fechar as listas de candidatos para as eleições legislativas de 30 de janeiro. Nos dias que precederam, João Galamba, secretário de Estado da Energia, foi alvo de polémica. Indicado para o 10.º lugar da lista encabeçada por Costa, no círculo de Lisboa, vários socialistas protestaram contra a decisão, pedindo uma ‘correção’. A proposta de colocação de Galamba no 10.º lugar deixá-lo-ia acima de deputados como Marcos Perestrello, Susana Amador, Sérgio Sousa Pinto, Pedro Delgado Alves e Isabel Moreira.
Outra das novidades é Fernando Medina que irá em quinto lugar na lista de Lisboa.
Durante a semana passada noticiava-se que pelo menos sete ministros seriam cabeças de lista nestas eleições, e, no domingo, a Federação Distrital de Coimbra aprovou o nome de Marta Temido para encabeçar a lista de candidatos pelo círculo eleitoral desse distrito. A própria distrital de Coimbra anunciou que a lista de deputados encabeçada pela ministra da Saúde foi aprovada por 72% dos votos (54 a favor, 19 contra, um branco e um nulo).
Assis, out! De fora das listas socialistas ficou, surpreendentemente, o antigo eurodeputado Francisco Assis. O presidente do Conselho Económico e Social (CES) tinha-se mostrado disponível, e chegou a admitir ficar “feliz” se fosse eleito para presidir à Assembleia da República. Ainda assim, o socialista disse não se sentir “excluído”. “Não há exclusão porque não sou deputado e continuo a não ser”, disse à TSF. Sobre ter declarado ficar “feliz” caso fosse eleito para a presidência da AR, explicou: “Manifestei a minha disponibilidade porque senti que tinha essa obrigação. Nunca houve qualquer contacto nem expectativas. Nunca falámos sequer.”