A Direção-Geral da Saúde decidiu avançar para já com o reforço da vacina da covid-19 para pessoas com mais de 50 anos. Como o i noticiou na edição desta terça-feira, o alargamento do reforço da vacina a mais grupos etários tem estado em estudo e foi recomendada pelos peritos da comissão técnica de vacinação para pessoas com mais de 40 anos, em linha com as recomendações do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, que aconselhou os países europeus a considerarem o reforço da vacinação na antecipação do período festivo em particular acima desta faixa etária, podendo ser estendida a todos os adultos.
Questionada na segunda-feira pelo i, a DGS não antecipou alterações. Na norma atualizada divulgada ontem pode ler-se que fica estabelecido para a terceira etapa de vacinação, a que está atualmente em curso, o reforço da vacina para pessoas com mais de 50 anos a par de residentes e utentes de lares e instituições similares, profissionais dos serviços de saúde (públicos e privados), de lares e da Rede Nacional de Cuidados Continuados e ainda bombeiros envolvidos no transporte de doentes. Será também estendido o reforço da vacina da Janssen a todos os adultos que tomaram esta vacina, que era só de uma dose.
O i tentou perceber se o reforço do grupo etário dos 40 anos foi remetido para mais tarde, não tendo tido resposta, sendo que para já não consta da norma, que remete para a recomendação do ECDC sobre esta matéria.
Ontem não foram anunciadas datas para o alargamento da vacinação e mantinha-se aberto o auto agendamento do reforço da vacina apenas para maiores de 65 anos, maiores de 50 anos no caso de vacinados com a Janssen e para as crianças de 10 e 11 anos, que começam a ser vacinadas no próximo fim de semana.
Países antecipam reforços Perante o cenário de aumento de infeções com a nova variante Omicron em circulação, e primeiras evidências de que as duas doses iniciais das vacinas são menos eficazes na proteção de doença sintomática com esta variante do que com a Delta, vários países têm estado a antecipar reforços. A Dinamarca antecipou a terceira dose para maiores de 40 anos. No Reino Unido são notícia as filas às portas dos centros de vacinação, com o país a querer disponibilizar a terceira a dose a maiores de 18 anos até ao final do ano.
Espanha, que tal com Portugal, começa a vacinar crianças dos 5 aos 11 anos, está agora a começar a vacinar maiores de 60 anos vacinados com a AstraZeneca, vacina a que foi associada uma maior diminuição da proteção com a variante Omicron. Em Portugal, foi sobretudo usada na população com mais de 60 anos, que estará agora abrangida pelo reforço. Na Alemanha, a decisão foi avançar com a dose de reforço a todos os maiores de 18 anos e associação médica alemã já admite a necessidade de uma quarta dose no outono do próximo ano. Está a também a ser equacionado o alívio da regra de apresentar certificado de vacinação mais teste negativo para entrar em alguns recintos para quem já fez o reforço, como incentivo para que as pessoas adiram à terceira dose, numa altura em que também o Reino Unido discute a revisão do conceito de vacinação completa para atribuição de certificados covid para quem tem três doses e não apenas as duas iniciais.
Um estudo conduzido pela Agência de Segurança em Saúde do Reino Unido tem sido para já citado a nível europeu como evidência para a necessidade de reforçar a vacina. Concluiu que após 25 semanas, a proteção da vacina da AstraZeneca contra doença sintomática em caso de infeção com Omicron é praticamente zero e no caso da vacina da Pfizer baixa para cerca de 35%. A vacina da Moderna, uma vacina de mRNA como a da Pfizer, não foi incluída no estudo. Já após o reforço, e avaliado o resultado após duas semanas, a proteção aumenta para mais de 70% no caso destas duas vacinas, sendo a duração dessa proteção ainda incerta.