Depois de 30 tornados que deixaram um rasto de morte e destruição, os cidadãos do Kentucky procuram voltar à sua vida normal, apesar de muitos terem ficado sem acesso a água, aquecimento, eletricidade. Muitas habitações ficaram destruídas e as autoridades procuram ainda avaliar os danos absolutos destes acidentes naturais.
Andy Beshear, o governador do estado, anunciou com lágrimas nos olhos que se espera que o número de vítimas mortais supere as 74 confirmadas, numa altura em que equipas continuam a investigar os destroços.
Numa conferência de imprensa “emocional”, tal como descreve o Guardian, foi divulgada a idade das vítimas dos furacões: vai desde crianças com poucos meses de idade até um cidadão com 86 anos. Seis das vítimas eram menores de idade.
109 habitantes do Kentucky continuam desaparecidos, segundo avança o jornal inglês, o que pode fazer com que o número real de vítimas demore semanas até ser confirmado oficialmente.
O Kentucky foi um dos estados mais atingidos pela destruição provocada por estes tornados. A cidade de Dawson Springs, no oeste do estado, foi a mais castigada, tendo ficado 75% destruída, revelou o Mayor Chris Smiley, cita a CNN. Muitos dos seus habitantes ficaram apenas com as roupas que tinham vestidas.
“Quando este tornado chegou à cidade, não se limitou a arrancar os telhados das casas, como costumava acontecer no passado”, explicou Beshear. “Explodiu toda a casa. Pessoas, animais e o resto… simplesmente desapareceu”, declarou.
A destruição foi “indiscriminada”, tal como descreve o meio de comunicação norte-americano, e é complicado avaliar qual será o impacto a longo prazo na vida desta cidade. “Para alguns cidadãos, não sei se alguma vez irão recuperar a completamente, certamente não emocionalmente ou psicologicamente”, disse o senador de Kentucky, Whitney Westerfield.
“Casas e edifícios podem ser reconstruídos com o tempo, mas isto é o tipo de acontecimento que perdura numa comunidade e com as famílias durante um longo tempo”, disse em entrevista à CNN.
Ao longo do Kentucky, 26 mil casas e negócios ficaram sem eletricidade, segundo o site poweroutage.us, mais de 10 mil ficaram sem água e 17 mil estão sob “aviso de água a ferver”, de forma a eliminar agentes patogénicos da água canalizada.
“Felizmente, tive um palpite e disse às crianças para se deitarem no chão”, disse Eterlvina Aguillar, natural da Guatemala, ao El País. Escondemo-nos atrás de uma coluna, que nos salvou. Foi uma questão de cinco minutos. O bebé gritou sem parar. E agora olha: a minha casa, o meu negócio, vi tudo desaparecer num instante”, revelou.
Entretanto, os porta-vozes da fábrica de velas Mayfield Consumer Products, cujo proprietário obrigou os trabalhadores a laborar apesar das condições climatéricas adversas, atualizaram a situação dos operários desaparecidos, confirmando que foram encontrados mais trabalhadores com vida.
Inicialmente, estimava-se que pelo menos 70 pessoas tivessem morrido neste acidente, mas, no domingo, foram confirmadas oito mortes e oito desaparecidos, com mais de 90 pessoas ainda por localizar.
Biden visita locais afetados Face ao cenário caótico, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que, na quarta-feira, vai visitar o Kentucky de forma a avaliar os danos dos devastadores tornados e definir a ajuda federal a prestar.
A Casa Branca informou que Biden estará em Ft. Campbell para um briefing sobre as operações de resposta, partindo de seguida para Mayfield e Dawson Springs, para avaliar presencialmente os danos provocados pelos tornados.
O Presidente americano inicialmente declarou a situação no Kentucky como uma “emergência federal”, mas, na segunda-feira, subiu o nível para “desastre federal”, de forma a desbloquear ajudas adicionais que serão distribuídas às centenas de pessoas que enfrentam problemas como a falta de água, energia, comida ou que viram as suas casas serem destruídas.
Biden classificou esta situação como “uma das piores séries de tornados” da história dos EUA e uma “tragédia inimaginável”.
O Presidente disse que estava a definir o itinerário em consulta com as autoridades locais e que poderia declarar também estado de catástrofe no estado de Illinois, onde morreram pelo menos seis pessoas, num armazém da Amazon, em Edwarsdville, e no Tennessee, igualmente atingido pela fúria da natureza.