Notícia atualizada às 12h54
Portugal perdeu 217.376 pessoas nos últimos 10 anos e tem agora 10.344.802 habitantes, o que corresponde a um saldo natural negativo de 250.066 pessoas, confirmou o Instituto Nacional de Estatística (INE), esta quinta-feira, através dos resultados provisórios do Censos2021.
Note-se que esta é a segunda fase de divulgação de resultados provisórios dos Censos 2021, antecipando a data inicialmente prevista de 28 de fevereiro de 2022, depois da divulgação de resultados preliminares em 28 de julho.
Os dados, que reveem as informações de julho, indicam que o país registou um decréscimo populacional de 2,1% e que os desequilíbrios na distribuição geográfica da população se agravaram, com uma maior concentração de pessoas no litoral e junto à capital, evidencia o INE.
Pirâmide etária cada vez mais estreita: mais idosos sobre menos crianças
Ao mesmo tempo, nota-se um agravamento do "fenómeno de envelhecimento da população, com o aumento expressivo da população idosa e a diminuição da população jovem: em 2021 existem 182 idosos por cada 100 jovens", frisam as estatísticas.
Ou seja, a pirâmide etária está com uma base cada vez mais estreita, visto que há uma maior acentuação da quebra da natalidade em Portugal. No período em análise, apenas a população acima dos 65 anos aumentou, com um crescimento de 20,6%, significando agora quase um quarto do total (23,4% contra 19% nos Censos de 2011).
Ao contrário, todas as faixas perdem, sobretudo o grupo etário dos 0-14 anos, que registou uma queda de 15,3%. Já a população jovem representa, atualmente, apenas 12,9% do total, menos 2% face à última década. De realçar também o decréscimo na população ativa: foi de 5,1% nos 15-24 anos e de 5,7% nos 25-64 anos.
Os municípios com mais população envelhecida são Oleiros, no distrito de Castelo Branco, Alcoutim (Faro) e Almeida (Guarda), enquanto Ribeira Grande e Lagoa, nos Açores, e Santa Cruz (Madeira) são os mais jovens.
Há mais 40% de população estrangeira a residir em Portugal
Contudo, Portugal tem colmatado com o decréscimo populacional causado pela baixa taxa de natalidade e pelo aumento da emigração através do acolhimento de população estrangeira. Segundo o INE, houve um aumento de 40,6% de estrangeiros a escolher Portugal face aos valores de 2011, fixando-se em mais de meio milhão de pessoas – 555.299.
Agora, o grupo de pessoas de nacionalidade estrangeira representa 5,4% do total de população que reside no país, informa o INE. De notar que 81,4% (452.231) dos estrangeiros são naturais de países que não pertencem à União Europeia.
Com o aparecimento da população estrangeira, sete regiões do país reforçaram a sua "importância relativa" – Norte, Centro, Área Metropolitana de Lisboa, Alentejo, Algarve, Açores e Madeira –, havendo uma "maior representatividade" no Algarve e na Área Metropolitana de Lisboa, com 14,7% e 8,9% respetivamente.
Odemira (28,6%), Aljezur (26,3%), Vila do Bispo (26,1%) Lagos (23,4%) e Albufeira (20,4%) são os municípios onde a população estrangeira é mais representativa, de acordo com os dados do INE.
Por outro lado, há 13 munícipios que registaram um número de estrangeiros inferior a 1% da população residente, como Barrancos e Mesão Frio (ambos com 0,5%) e Gavião (0,6%), sendo os municípios com os valores mais baixos. Já a Região Autónoma dos Açores é o território com menos estrangeiros (1,5% da população residente) do país.
Os casamentos acabam cada vez mais em divórcios
Quanto ao estado civil, o INE verificou um aumento de divórcios e uma diminuição de casamentos, havendo 43,3% de solteiros entre a população residente no pais.
Atualmente, a população com estado civil "casal" corresponde a 41,1%, observando-se uma redução de 2,1% em relação a 2011. Já a categoria de "divorciado" foi ´marcada por 8% dos residentes em Portugal, onde também se nota um aumento de 2%.
"Pela primeira vez", a percentagem de divorciados é "superior ao valor da população com estado civil viúvo", que é de 7,5%, explica o instituto.
Também se verificava "algumas diferenças entre homens e mulheres" quanto ao seu estado civil. Os homens representam uma maior fatia entre os solteiros, enquanto as mulheres somam maior número entre os viúvos.
"A proporção de homens solteiros é de 46,8%, face a 40,2% de mulheres solteiras. A proporção de mulheres viúvas é de 11,7%, enquanto a de homens viúvos é de apenas 3,0%", evidencia a análise.
Número de arrendados subiu 16% face a 2011
Em comparação a 2011, também aumentou o número de pessoas que vivem sozinhas, mas diminuiu a dimensão média dos agregados domésticos privados. Em 2021, existem 4.149.668 agregados domésticos privados e 5.476 agregados institucionais.
"No que respeita ao parque habitacional, Portugal registou um ligeiro crescimento do número de edifícios e de alojamentos destinados à habitação, embora num ritmo bastante inferior ao verificado em décadas anteriores", observou o INE.
Ainda assim, "reforçou-se ligeiramente o peso da primeira habitação em detrimento das residências secundárias". Segundo os dados obtidos em 2021, 70% dos alojamentos são ocupados pelo proprietário, "embora esta percentagem tenha vindo a decrescer nas últimas décadas", assinalou o INE. Note-se que os arrendados registaram um aumento de 16% face a 2011.
Há mais pessoas com cursos superiores e também com a escolaridade obrigatória terminada
Quanto ao nível de escolaridade, o instituto realça que um aumento "de forma significativa nos últimos 10 anos", com uma subida notória do grau obtido no ensino superior e ainda no ensino secundário e pós-secundário.
Cerca de 21,3% da população terminou o ensino secundário, o último grau de ensino considerado obrigatório, uma subida da percentagem face aos 11,8% registados em 2011.
Em relação ao nível do ensino superior, também houve um crescimento significativo. Segundo o INE, a percentagem de pessoas com cursos superiores passou dos 11,8% para os 17,4%.