Há precisamente um ano pedia-se um desejo universal: que 2021 chegasse tão depressa quanto possível e se mostrasse como o ano em que a vida voltava a ser exatamente o que era até março de 2020. Mas se em alguns momentos cumpriu essa esperança e conseguiu até dar o ar da sua graça, já esta reta final deixa-nos com a sensação de que estivemos sempre numa luta inglória, a lembrar muito provavelmente o que os bebés sentem nas primeiras aulas de natação, quando ainda não entendem que o professor vai dando vários passos para trás e essa é a razão pela qual nunca conseguem alcançá-los, apesar de este ter estado constantemente a um palmo de distância.
Passou um ano. E chegámos novamente à segunda quinzena deste último mês precisamente com o mesmo sentimento, mas estranhamente com mais esperança: e depositamos agora todas as fichas no ano de 2022, mesmo sabendo que os planos para a passagem de ano já estão também eles ensombrados por nova variante do vírus.
Mas estes últimos tempos também têm sido de descobertas constantes. E ficámos a saber que o contexto pandémico em que vivemos ultrapassou todos os limites quando estar ‘só’ com gripe passa a ser motivo de festejo. Mesmo que a gripe não te dê forças sequer para te levantares do sofá, mais vale saber que há a possibilidade de sair de casa do que estar assintomático, mas confinado. Onde haveríamos de chegar…
Bem, por agora ao Natal. Resta aproveitar da melhor maneira – e com todos os cuidados necessários e redobrados – esta última paragem antes de virar o ano. E acreditar que em dezembro de 2022 já não será necessário reservar uma, duas ou três passas para este mesmo desejo. Queremos novamente saltar para um novo ano, depois de termos entretanto percebido a fantasia da aposta num novo normal.