Os cemitérios passam sempre a lugares de paz em algum momento da vida. Mas podem também ser mais do que isso quando se apanha um rapazito a desviar flores alheias. Mas vamos saltar à frente o motivo da ação, que também não configura um problema assim tão grande, passando o busílis da questão a ser o instante constrangedor que se segue: o momento atrapalhado daquele que tenta disfarçar o gesto versus o fingimento pouco conseguido de quem viu tudo, mas tenta a todo o custo dar a entender que nada aconteceu.
Há situações estranhas que nos fazem questionar e deixam-nos a pensar sobre determinadas motivações, levando-nos muitas vezes a entrar em labirintos complexos que quase nunca valem a pena. No fundo, este exercício só tem alguma graça pela quantidade de opções que se conseguem constatar para uma determinada maneira de atuar.
E depois há sempre duas saídas: ou se sabe a resposta final ou provavelmente nunca se irá ter a certeza do desfecho.
Normalmente nunca gostamos das histórias com narrativas abertas precisamente porque gostamos de lhes conhecer o final, nem que seja para criticá-lo ou simplesmente para cair na tentação fácil de dizer que se era capaz de fazer melhor.
Mas a vida também é isso mesmo.
Tal como as restrições reforçadas que agora nos são novamente impostas, pondo em xeque mais um Natal depois da miragem de uma consoada em família.
E se já levaram os abraços, os beijinhos e os apertos de mão, quem iria ficar verdadeiramente incomodado por ver levar flores? O significado não deixa de estar lá, para uns e para outros, as razões também, pelo menos para quem as conhece. E se forem válidas, talvez nem errado esteja.
Podes levar também uma destas flores que aqui deixo. Vou continuar a fazer-te acreditar que nada vi. E por isso está descansado, vou saindo e nem sequer vou olhar para trás.