Tenho um teste positivo. E agora?
Se teve um resultado positivo para a covid-19 num auto teste, o primeiro passo deve ser sempre contactar o SNS24, para que passe a ter seguimento e possa confirmar o resultado num teste feito por um profissional com uma credencial do SNS (teste gratuito) e ser dado seguimento ao rastreio de contactos. Entretanto, como esse processo está demorado com o aumento de infetados – na última semana já só foram isolados e rastreados todos os contactos, de acordo com a monitorização de linhas vermelhas DGS, em 58% dos casos – a partir do momento em que sabe que está infetado deve avisar as pessoas com quem esteve nas 48 horas antes de ter tido sintomas ou, no caso de não ter sintomas, do momento em que fez a colheita para o teste que acusou positivo. Deve manter-se em isolamento e, se for por exemplo fazer um teste PCR ou teste rápido de antigénio por sua iniciativa, optar por locais em drive-thru e não ir a uma farmácia ou um supermercado tentar comprar mais autotestes, um situação que tem vindo a ser relatada por farmacêuticos a quem pessoas com teste positivo vão pedir mais testes. Mais uma nota: ter dois tracinhos no auto teste é um resultado positivo, mesmo que o tracinho no T (de teste) seja mais ténue que o tracinho de C (controlo).
O que devem fazer os seus contactos?
No rastreio de contactos, as equipas de saúde pública iriam avaliar se as pessoas com quem esteve são contactos de baixo ou alto risco. De acordo com as normas da DGS atualmente em vigor, são considerados contactos de alto risco pessoas com quem, neste período de 48 horas antes de acusar positivo, teve um contacto cara-a-cara a uma distâncias inferior a um metro. Também é um contacto de alto risco alguém com quem tenha estado a falar cara-a-cara pelo menos 15 minutos mesmo que a um ou a dois metros de distância. Coabitantes serão sempre alto risco, bem como pessoas com quem tenha estado em ambiente fechado, incluindo numa viagem de carro, por mais de 15 minutos, o que inclui por exemplo os jantares e almoços dos últimos dias. São também considerados contactos de alto risco pessoas com quem esteve e não estão vacinadas ou mais vulneráveis. Estas pessoas devem ficar em isolamento profilático, ou seja, não devem sair de casa e deverão fazer um teste RT-PCR o mais precocemente possível e, idealmente, até ao 5.º dia após a data em que estiveram consigo. À partida, ficam 10 dias em isolamento profilático, ou seja mesmo que ninguém lhes ligue, devem evitar contactar com mais pessoas, porque podem estar infetadas, mesmo que façam um auto teste no dia em que lhes telefone e dê negativo. O isolamento só termina ao 10.º dia, com um teste negativo. Já os contactos de baixo risco, pessoas com quem esteve menos tempo, por exemplo ao ar livre, de máscara, etc., não têm recomendação para ficar em casa, mas também devem limitar contactos e reduzir deslocações ao indispensável. Têm também indicação para fazer um teste PCR até ao quinto dia. Portanto a recomendação é para procurarem igualmente contactar o SNS24, indicando que tiveram contacto com alguém infetado no sentido de conseguirem credencial para teste. Se tiverem sintomas, têm indicação para fazer logo o teste e mais uma vez, se optar por fazer testes a título particular não tendo uma credencial, evite expor outros desnecessariamente ao vírus.
Como ter acesso à baixa de isolamento profilático?
A declaração é emitida pela autoridade de saúde local e esta é uma das questões mais problemáticas na ausência de uma resposta em tempo útil. Procure ir contactando o SNS24 mesmo que não seja atendido à primeira e fale com o seu empregador.
Quanto tempo dura o isolamento?
De acordo com as normas em vigor, para pessoas infetadas sem sintomas ou com sintomas ligeiros, o tempo mínimo de isolamento mantém-se em 10 dias, podendo ter alta ao décimo dia se houver uma melhoria de sintomas durante três dias consecutivos (e se não precisar de medicação para não ter febre). Também os contactos de alto risco estão sujeitos a um isolamento de 10 dias, podendo as autoridades de saúde determinar em alguns casos de maior risco (por exemplo pessoas que trabalham em lares) que fiquem em casa até 14 dias. Na dúvida e enquanto espera, prepare-se para pelo menos 10 dias em casa.
O que fazer em casa?
Se não tem sintomas, mantenha a vigilância: vá medindo a febre. Se em sua casa mais ninguém acusou positivo, procure manter a higiene, distanciamento e arejamento para prevenir o contágio, comendo numa sala diferente e dormindo sozinho se possível. Não receba visitas: peças aos amigos ou familiares para deixarem o que precisa à porta. Se tem sintomas, o tratamento deve ser sintomático. Ou seja, se tem febre, medicação para a febre como paracetamol. Se tem dores, medicação anti-inflamatória como ibuprofeno. Um médico ouvido pelo i explica que um sintoma que tem sido reportado são por exemplo suores noturnos abundantes e, nesse caso, poderá também fazer paracetamol antes de deitar. Outro conselho é arranjar um oxímetro, que permite despistar um dos problemas associados à covid-19, a hipoxemia silenciosa: pode aparentemente não ter sintomas, mas ficar com uma baixa saturação de oxigénio no sangue. Alguns supermercados e farmácias vendem oxímetros ou pode pedir emprestado. Ter um valor abaixo de 94 de saturação é motivo para contactar de imediato os serviços de saúde, começando pelo mesmo circuito: SNS24 e, caso não consiga ter resposta, o INEM, como deve fazer em qualquer situação de emergência. Outros sinais a valorizar são falta de ar, dor torácica forte, alteração ou confusão mental, prostração ou vómitos e diarreia, que podem impedir a metabolização de medicamentos que esteja a tomar. Atenção também às pessoas mais vulneráveis infetadas e isoladas sozinhas: procure ir acompanhando o seu estado. Procure manter-se bem hidratado e alimentar-se de forma equilibrada, o que os mais velhos por vezes tendem a relegar para segundo plano. Normalmente a doença tem uma evolução benigna, mas até ao 7º/8º dia deve manter especial atenção ao aparecimento ou agravamento de sintomas.
Quais são os sintomas mais comuns?
Em Portugal não há dados compilados, mas no Reino Unido por exemplo a Omicron tem sido associada a sintomas mais parecidos com os de uma constipação, como pingo no nariz, espirros, arrepios e dores de cabeça e garganta e febre. Perder o olfacto e o paladar parece ser menos comum. Em caso de sintomas, deve fazer um teste para evitar expor alguém mais vulnerável, quer pessoas imunocomprometidas em que a vacina pode oferecer menos proteção, quer pessoas mais velhas e com outras doenças, com maior risco de complicações.