Para o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) não há margem para dúvidas: os últimos meses para o setor foram melhores, ainda assim, insuficientes para recuperar os números de anos anteriores. Um problema que ganha novos contornos com as novas medidas de restrição, em que os saldos as promoções estão proibidos até ao próximo dia 9. E a grande preocupação é “se as restrições não acabarem dia 9 de janeiro. Isso então seria desastroso”.
Para o responsável não há margem para dúvidas: “Os últimos meses, em geral, não foram maus, mas não chegaram para recuperar dos encerramentos e dos períodos em que houve restrições, principalmente do primeiro semestre de 2021. Apesar de este segundo semestre ter sido melhor, e em particular os últimos meses, não chegou para colmatar essa quebra e muitos comerciantes tinham a expectativa de poderem agora recuperar parte do seu negócio, mesmo que não atingissem os números de anos anteriores”, disse em entrevista ao i.
E os problemas não ficam por aqui. De acordo com o presidente da CTP, o teletrabalho obrigatório também representa um entrave para o comércio. “Mesmo não havendo restrições à mobilidade, o teletrabalho restringe a área de influência onde as pessoas se movimentam. As zonas mais afetadas quer com os saldos, quer com o teletrabalho são aquelas que estão localizadas predominantemente em zonas de comércio e de escritórios, como as baixas das cidades”.
Aumento das matérias-primas penaliza
A par do aumento do salário mínimo para 705 euros, o setor vê-se também a braços com p aumento das matérias-primas. “Há setores que vão ser mais atingidos e a partir de certa altura, independentemente dos aumentos salariais, as pessoas perdem poder de compra face a este aumento dos custos galopante”, garante na mesma entrevista.
João Vieira Lopes admite ainda que o comercio online já faz mossa face às lojas físicas, mas não ao ponto de pôr em causa “até porque há sempre o aspeto psicológico de as pessoas gostarem de mexer no produto”.
Também vê com preocupação a aplicação do PRR, uma vez que defende deveria ter sido canalizado em maior peso para os apoios às empresas, mas reconhece que agora não há muito a fazer” As regras já estão bastante definidas e, a partir do momento em que as regras foram definidas, a flexibilidade dos países para mexerem nelas não é muito grande”.
A mesma preocupação repete-se com o programa Portugal 2030. “Está a ser uma desilusão. Não só pela forma como está a ser organizada, como também pela maneira como se preparam os concursos. Tudo isso deixa-nos muitas dúvidas sobre a sua eficácia”, conclui.