O debate começa com um esclarecimento de Rui Rio relativamente às posições expostas no debate com André Ventura na passada segunda-feira.
Rio abriu a porta à prisão perpétua? "Ficou claro que eu sou contra a prisão prepétua mas que o André Ventura é a favor do regime misto", respondeu o presidente dos sociais democratas ainda sobre a questão levantada no debate contra o Chega.
"Problema da justiça não é a dimensão das penas", considera ainda o social democrata, sublinhando que os portugueses se queixam "por não haver decisões finais" e não pela dimensão das penas".
Catarina Martins afirmou-se preocupada ao ouvir Rui Rio, por considerar que este está "a normalizar as coisas que diz a extrema-direita. Sabemos que justiça não é vigança. Cumprida a pena, deve haver reinserção. Ser justo não é ser fraco, é ser forte. Penas devem ser justas e deve existir reeinserção", disse a bloquista.
Posto isto, o social democrata realça: "Já disse e volto a dizer: obviamente sou contra a prisão perpétua", esclarecendo que é cristão, apesar de não ser praticante e que "quem é cristão e católico não pode defender a prisão perpétua".
Deixando, ao fim de quase cinco minutos, o tema da prisão perpétua de lado, Catarina Martins reitera que o quadriénio em que Portugal mais cresceu na União Europeia foi quando o país foi governado pela geringonça e acusa a direita de querer "destruír o país".
A bloquista relembrou depois declarações de Rui Rio relativamente ao aumento dos salários minímos, com o objetivo de demonstrar que os aumentos feitos durante a geringonça não causaram falências nem desemprego. "Não queremos um país de paixos salários", disse Catarina Martins, acrescentando que o país não deve ser "uma gigantesteca Odemira de baixos salários".
A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda sublinhou ainda que o PSD já foi a favor do controlo público de setores estratégicos mas que, entretanto, "perdeu esses princípios e o PS e o PSD privatizaram", deixando no ar a questão: "Hoje alguém pode achar que foi boa ideia privatizar a EDP e a REN?".
Respondendo à questão do aumento do salário mínimo, Rui Rio referiu que essa política faz com que se nivele "por baixo: Origina baixos salários e origina imigração. Ao crescerem os salários todos, o salário mínimo cresce de forma sustentável".
Para o social democrata, o país deve investir em melhores empregos de modo a forçar o crescimento do salário médio, sendo que este arratará o salário mínimo. "O bloco de esquerda quer acabar com os ricos, eu quero acabar com os pobres", sublinhou.
Sobre a questão da saúde, Rui Rio considerou que "atirar dinheiro para o SNS não é a prioridade", uma vez que "Portugal gasta mais do que a média europeia em saúde e tem uma prestação de serviço muito pior do que a média". O presidente do PSD acredita ser necessário "chamar o setor privado e social para complementar aquilo que o SNS não está capaz de fazer".
Já Catarina Martins admitiu que ambos estão de acordo "sobre o SNS precisar de uma grande revisão", considerando, apesar disso, que "vai ser preciso mais dinheiro público, é o melhor investimento que o Estado pode fazer". A bloquista realça então que não se deve "mandar os doentes para o privado" mas sim investir no setor público. "Não desisto do SNS, a saúde não pode ser um negócio", remata.
Em resposta às declarações da oponente, o social democrata explica que também não desiste do SNS mas que existem "quatro milhões de portugueses que tem um serviço de saúde e pagam impostos porque não sentem confiança no SNS porque o SNS não presta um bom serviço".
Já a finalizar o debate, falou-se sobre a Segurança Social.
Rui Rio afirma que a base da Segurança Social tem de ser pública e se fosse provada, seria como colocar as pensões na bolsa. O social democrata defende um sistema misto, "onde há uma base pública que pode ser complementada com uma base de capitalização".
Para Catarina Martins é impensável que Rui Rio defenda que os trabalhadores devem colocar parte do dinheiro na bolsa, referindo que o bloco provou que é possível fazer melhor na Segurança Social, invocadando a chamada "taxa Mortágua" – o adicional do IMI – que deu 477 milhões de euros ao fundo de sustentabilidade da Segurança Social, o aumento do salário mínimo e a diminuição do desemprego.