Regresso às escolas com mais folga nas regras

Apesar das medidas mais leves, pais estão confiantes de que abertura das escolas irá correr bem e não receiam deixar os filhos irem às aulas, defende Filinto Lima. E o foco é mesmo no ensino presencial.

O período da tarde dos centros de vacinação está até domingo em modalidade Casa Aberta para professores, profissionais das creches e de ATL levarem dose de reforço da vacina contra a covid-19. Porém, é necessário uma senha digital – que esgotou.

Os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) confirmaram que houve uma «instabilidade» no Portal Covid-19 motivada pela «elevada procura» e adiantaram que as senhas digitais para vacinação para sexta-feira acabaram por esgotar. Na sequência da falha, o centro de vacinação de Aveiro, por exemplo, viu formar-se uma longa fila composta por professores e funcionários que queriam ser vacinados, mesmo sem terem conseguido retirar a senha necessária. 

Já em Sintra, uma professora que preferiu não se identificar, relatou que o centro de vacinação ao qual se dirigiu tinha «um ar muito bem organizado». No entanto, acabou por ver ser-lhe recusada a vacina, com a justificação de que não tinha senha. «Isto está mal organizado. Somos milhares de professores e as aulas começam na próxima segunda-feira. Queria levar a dose para estar mais descansada», afirma. 

Os profissionais da educação, no dia em que pretendem ser vacinados, têm de preencher um formulário no site dedicado à covid-19 para obterem no seu telemóvel a senha digital que informa o número e a hora da vacinação. Além disso, devem apresentar um documento comprovativo da profissão que exercem. Outro professor do concelho de Sintra, que conseguiu marcar senha para Mem Martins, notou que ao chegar ao local havia uma longa fila, mas em 20 minutos já tinha entrado no pavilhão. Apercebeu-se, no entanto, de muitos colegas a serem mandados para casa por não terem senha. E do cansaço das equipas: ao final da tarde, eram os mesmos enfermeiros de serviço que tinham entrado às 8h da manhã.

 

Novas medidas mais relaxadas

Depois da reunião com os especialistas no Infarmed que ocorreu na quarta-feira passada, o primeiro-ministro anunciou ao país as novidades no combate à pandemia. No que diz respeito às escolas, acaba o isolamento de turmas quando se verifica um caso positivo, e nas próximas duas semanas haverá testagem nos estabelecimentos de ensino.

 

Escolas estão preparadas

Mesmo com as dificuldades – e enquanto a Europa aperta medidas -, há confiança nos avanços conquistados. «Teremos mais professores – doses de reforço, e mais alunos (os mais novos) vacinados, do que no dia 17 de dezembro, quando terminou o 1º período», diz ao Nascer do SOL Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP). «Ninguém está imune, mas estamos mais defendidos em relação ao inimigo». Para Filinto Lima, o ensino à distância deverá ser somente utilizado em último recurso: «Se é verdade que a escola é um elevador social, quando esse elevador é movido pelo ensino à distância ele sobe muito devagar para alguns (os mais abastados) e desce bastante para os do costume, aumentando as desigualdades».

 

Pais recusam computadores

Os confinamentos e as primeiras experiências de ensino à distância aceleraram inevitavelmente a adaptação. «Estamos muito melhor do que no ano passado, tendo em quantidade de material digital como ao nível da literacia digital do alunos e professores», salienta o presidente da ANDAEP. Estão a ser entregues neste momento mais computadores aos alunos, mas «curiosamente alguns pais e encarregados de educação estão a recusar», assim como «material digital que o Ministério da Educação atribui em regime de comodato» por não querem arcar com a «responsabilidade». Alguns pais e encarregados de educação – principalmente de alunos do ensino secundário – receiam ter de pagar os arranjos dos aparelhos caso haja algum acidente. E aqueles que podem preferem adquirir eles próprios o material. A ANDAEP, no entanto, não tem dados de quantos computadores foram rejeitados por este motivo. E, apesar de a prioridade ser sempre o ensino presencial, Filinto Lima considera que – se for preciso – as escolas estão preparadas para se adaptarem ao ensino remoto.

 

Vacinação do Ensino Superior

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) quer que os docentes do ensino superior sejam integrados na vacinação de reforço contra a covid-19, da qual foram excluídos. «Na sequência de uma preocupação manifestada globalmente pela comunidade educativa e, também, pela Fenprof , relativamente à segurança dos profissionais da educação no regresso às aulas após a pausa letiva do Natal, foi recentemente anunciado que, entre os dias 6 e 9 de janeiro, seria disponibilizada aos docentes de todos os graus de ensino a dose de reforço da vacina contra a covid-19», recorda em comunicado. Porém, aponta a organização, «verifica-se que os professores do ensino superior foram excluídos desta fase de vacinação, apesar de pertencerem a um nível de ensino em que, por norma, as turmas têm um número elevado de alunos».

 

Pais estão mais confiantes

Mesmo com relaxamento das medidas nas escolas, não há motivos para temer, garante Filinto Lima. «Há mais crianças vacinadas. A situação é muito melhor do ponto de vista sanitário nas escolas e em toda a comunidade escolar», continua o responsável. O aligeirar da medidas, defende, não deve trazer uma maior preocupação porque «é um percurso natural, de acordo com o evoluir da situação pandémica em Portugal. Os pais não têm de temer».