Notícia atualizada às 10h29
Depois de estar mais de duas semanas hospitalizado em Itália, devido a uma disfunção do sistema imunitário, o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, morreu esta terça-feira aos 65 anos, anunciou o seu porta-voz, Roberto Cuilllo.
"O Presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, morreu à 1:15 da manhã [00:15 em Lisboa] do dia 11 de janeiro no hospital de Aviano, Itália, onde se encontrava hospitalizado. A data e o local do funeral serão comunicados nas próximas horas", indicou Cuillo numa publicação na rede social Twitter.
David Sassoli estava hospitalizado há mais de duas semanas com "complicações graves" devido a uma "disfunção do sistema imunitário".
De referir ainda que Sassoli contraiu uma pneumonia em setembro de 2021, que o obrigou a receber tratamento hospitalar em Estrasburgo, França. Apesar de ter recebido alta hospitalar uma semana depois, o presidente do Parlamento Europeu continuou com a sua recuperação em Itália, ao estar mais de dois meses ausente das sessões plenárias do Parlamento, regressando apenas no final do ano.
A morte de Sassoli surge a uma semana da primeira sessão plenária do ano, na qual o Parlamento Europeu deverá precisamente eleger um presidente da assembleia, algo que já estava previsto a meio da atual legislatura, e não relacionado com o estado de saúde de Sassoli.
Tudo indica que será a maltesa Roberta Metsola, do Partido Popular Europeu (PEE), a favorita para suceder ao dirigente socialista italiano, que assumiu o cargo no verão de 2019.
A primeira a reagir à morte do líder do Parlamento Europeu foi a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
"Entristece-me profundamente a morte de um grande europeu e italiano", escreveu Ursula von der Leyen no Twitter, sublinhando o presidente como "um jornalista apaixonado, um extraordinário presidente do Parlamento Europeu e, sobretudo, um querido amigo".
O presidente do Conselho Europeu também deixou uma mensagem: "Sinto-me triste e comovido após o anúncio da morte do presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli", escreveu Charles Michel na mesma rede social.
"Sentimos a falta do seu calor humano, da sua generosidade, da sua simpatia e do seu sorriso. Sinceras condolências à família e amigos", assinalou Michel.
António Costa, primeiro-ministro português, também já se expressou "com profunda tristeza" quando à morte de David Sassoli.
"É com profunda tristeza que lamento a morte de David Sassoli. Um amigo com quem tive o privilégio de trabalhar muito proximamente nos últimos dois anos", disse António Costa no Twitter.
Já o vice-presidente do Grupo do Partido Popular Europeu (Democratas-Cristãos) e ex-candidato à presidência do PSD, Paulo Rangel, afirmou que a Europa perdeu um europeísta. "David Maria Sassoli. O presidente europeísta e humanista. O colega atento, humano. O homem da comunicação e da cultura, sempre pronto a fazer pontes. A Europa perdeu um europeísta, nós perdemos um amigo".
Marcelo Rebelo de Sousa também não podia deixar de salientar o papel de "importante contributo como Presidente do Parlamento Europeu para a defesa dos valores da União Europeia".
Numa nota publicada no site oficial da Presidência da República, o chefe de Estado considerou David Sassoli como "um grande europeísta", tendo contribuído para "a defesa dos valores da União Europeia, nomeadamente da democracia e da solidariedade, revelando sempre o seu carácter humanista ao longo do mandato que exerceu com elevação". "Foi um jornalista de grande prestígio em Itália, reconhecido pela sua competência e afabilidade", sublinhou ainda Marcelo.
"O Presidente da República recorda já com saudade os diversos encontros que tiveram, ainda recentemente em dezembro passado em Estrasburgo, as excelentes relações institucionais e o trato sempre afável de David Sassoli", assinalou também em nota.
David-Maria Sassoli nasceu em Itália, a 30 de maio de 1956, e licenciou-se nos anos 70 em Ciência Política pela Universidade de Florença, cidade de onde era natural. Foi no jornalismo que se tornou num símbolo nacional, ao começar a sua carreira em 1986, trabalhando em jornais e agência noticiosas locais até chegar ao jornal nacional Il Giorno, em Roma.
Já em 1992, passou para a estação de televisão pública italiana, a Rai, onde se iniciou como repórter de notícias televisivas e correspondente do TG3 (um dos canais do grupo). Mais tarde, trabalhou em programas noticiosos na Rai Uno e Rai Due, antes de se juntar à redação do TG1 em 1996 como correspondente especial.
Nos seguintes dez anos, foi responsável pela gestão das emissões noticiosas em horário nobre e pela cobertura dos principais eventos nacionais e internacionais.
Em 2009, Sassoli decidiu abandonar a sua carreira jornalística para integrar o Partido Democrático, pelo qual foi eleito eurodeputado em 2009 e presidente do Parlamento Europeu em 2019, sucedendo no lugar ao também italiano Antonio Tajani.
Chegou a concorrer em 2009 às eleições ao Parlamento Europeu pelo círculo da Itália Central e foi eleito eurodeputado, assumindo também funções de líder da bancada parlamentar do Partido Democrático italiano entre 2009 e 2014.
Já em outubro de 2012, Sassoli concorreu às primárias do Partido Democrático italiano para ser o candidato do partido a presidente da câmara de Roma nas eleições municipais de 2013, mas não conseguiu ir além do segundo lugar.