A evolução dos diagnósticos de covid-19 e o aumento da taxa de positividade sugere que o pico de infeções ainda não chegou. Um dos efeitos de que os investigadores estavam à espera na reunião do Infarmed era perceber se a semana de contenção após o Ano Novo terá levado o RT para baixo de 1, invertendo a subida, o que ainda não transparece na evolução dos casos reportados.
Nos últimos sete dias, continua a verificar-se um aumento e ontem o país passou pela primeira vez a barreira dos 40 mil novos casos em 24 horas. A subida de diagnósticos nos últimos sete dias é de +38% a nível nacional, com maior abrandamento em Lisboa (+25%) mas ainda com tendência crescente.
Óscar Felgueiras, matemático da Universidade do Porto especialista em epidemiologia e um dos peritos das equipas ouvidas no Infarmed, explica que, depois do pico de transmissibilidade no Natal, houve uma quebra rápida, interrompida no Ano Novo, a que se seguiu nova contenção. “É de esperar o retomar de uma descida na transmissibilidade mas sendo ainda incerto que se garanta rapidamente o pico”, diz ao i, acrescentando que a abertura das escolas pode empurrar de novo a subida de contágios, sendo a perspetiva perceber se o travão foi suficiente, o que levaria a um pico entre esta semana e a próxima. Aí chegados, a expectativa, à imagem do que aconteceu noutros países, por exemplo na África do Sul, é que a descida seja rápida.
Nas projeções do IHME, que não refletem medidas nacionais, apenas tendências de mobilidade na população, o pico de infeções pode registar-se esta semana em Portugal, com quase 200 mil infeções diárias – assumem que 90% dos casos são assintomáticos e que só uma fração é detetada. Nas projeções do IHME, que estima que metade dos europeus venha a ser infetado este inverno, pode haver mais de um milhão de infeções na semana de pico da vaga Omicron em Portugal, ou seja, um em cada dez portugueses infetados.
{relacionados}