Economia. Após a quebra da pandemia, crescimento sustentado

A pandemia tornou os mercados imprevisíveis, mas “em 2023 as expectativas de crescimento ainda estão acima do ano não-pandémico de 2019”, diz a XTB.

Apesar de a inflação se ter a tornado um problema sério um pouco por todo o globo, a expectativa é que a economia mundial continue a recuperar após o choque da pandemia de covid-19, indica um relatório quanto às perspetivas para 2022 da corretora de bolsa XTB, a que o i teve acesso.

O consenso entre os economistas é de que haverá “um crescimento económico de cerca de 4% em 2022 nos países desenvolvidos, e em 2023 as expectativas de crescimento ainda estão acima do ano não-pandémico de 2019”, lia-se no documento – já na China, a tendência de crescimento em 2023 deverá ser ainda mais forte do que nos países europeus e nos EUA.

No entanto, como diz o ditado, é melhor não deitar foguetes antes da festa. “A recessão profunda, mas de curta duração, de 2020, seguida de um boom de estímulos, tornou o panorama económico extremamente difícil de interpretar”, ressalvou a XTB.

“O ciclo pode já não funcionar de uma forma padrão e, portanto, todos os modelos (inerentemente baseados em relações passadas) são de pouca utilidade”, explicava a corretora.

Entre os novos problemas resultantes da covid-19 a que importa estar atento, incluem-se as dificuldades em garantir abastecimentos, arriscando travar o crescimento. “Todos os estímulos inicialmente destinados a amortecer o impacto recessivo das restrições geraram tanta procura que mesmo sem a pandemia veríamos provavelmente alguns problemas de oferta”, salienta a XTB. “No entanto, devido às restrições da covid, as cadeias de abastecimento são constantemente desafiadas e não conseguem responder a toda a procura, mesmo com preços mais elevados.

Já no que toca à inflação, “alguns economistas parecem acreditar numa natureza transitória da inflação pois esperam que esta seja moderada nos países emergentes e na China e que arrefeça gradualmente nos EUA”, continua o relatório da XTB. “A nossa impressão é que os mercados estão a descontar esta crença positiva”.

 

Petróleo rumo a estabilizar O preço do petróleo tem estado em alta, devido a uma clara recuperação da procura, no rescaldo de uma forte quebra nos primeiros momentos da pandemia, apesar das tentativas de acelerar uma transição energética. No entanto, há indícios de que “o próximo ano deverá traduzir-se numa maior recuperação da oferta, acabando assim com o atual défice no mercado”, avalia a XTB.

“Isto deveria, teoricamente, gerar uma pressão descendente sobre os preços”, acrescentou, notando, contudo, que muito dependerá do que decidir a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

Já os esforços de vários governos para tentar controlar os preços excessivamente altos têm tido muito pouco sucesso, verificou a corretora. “O único fator que tem contribuído para correções (pontuais) de baixa nos preços são as novas variantes do coronavírus”, dado que isso “alimenta os receios de que poderá haver novamente uma redução da procura semelhante à que se verificou durante o início da pandemia”.

“No entanto, a última variante Omicron não se tem revelado assim tão ameaçadora”, exemplifica a corretora. “O seu impacto tem sido reduzido no mercado petrolífero”.