Os diagnósticos de covid-19 nas crianças dispararam nos últimos dias, com mais casos de alunos infetados a ficarem em casa em isolamento e um novo aumento das infeções também nos grupos etários dos 30 aos 49 anos, a idade dos pais. A tendência de diminuição de casos em Lisboa, a única região onde começava a verificar-se, parece ter-se esbatido no início desta semana com o aumento de infeções nos mais novos. Segunda-feira registou também o número mais elevado de mortes entre pessoas infetadas dos últimos meses. Os boletins da DGS não discriminam se as vítimas morreram de covid-19 ou com quadros agravados pela infeção na situação atual em que a maioria da população está vacinada e uma parte significativa dos doentes internados com covid-19 são hospitalizados por outras causas. Das 46 vítimas mortais, 25 tinham mais de 80 anos, 12 eram septuagenários e as restantes eram mais novas.
Nos maiores de 80, as infeções continuam também a aumentar no início desta semana, mas é no grupo dos 0 aos 9 que se vê o maior salto nos diagnósticos na informação desagregada por faixa etária disponibilizada pela Direção Geral da Saúde, que o i analisou. Em relação a segunda-feira da semana passada, esta segunda-feira foram diagnosticados 3,4 vezes mais casos de infeção neste grupo etário das crianças até aos nove anos, mais de 7 mil novos casos em 24 horas. Sucedem-se os casos de infeção nas turmas e o subsequente isolamento das respetivas famílias.
Esta terça-feira arrancou um programa de testagem nas escolas fruto de um protocolo entre a Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas e a Associação Nacional das Farmácias, uma semana após o reinício das aulas e numa altura em que entre crianças e jovens até aos 18 anos há mais de 50 mil infetados nos últimos sete dias, a cumprir o período de isolamento mínimo. Quando as aulas começaram, as orientações foram apenas para testar pessoal docente e não docente. A Lusa questionou a DGS sobre os motivos da medida, mas não obteve resposta. O programa agora organizado pela ANF e ANDAEP prevê que o serviço de testagem seja articulado entre cada escola e as farmácias de proximidade, podendo a testagem ser realizada nas instalações da farmácia ou da escola. Para o presidente da ANDAEP, a iniciativa “vai permitir que os alunos possam ser todos testados a custo zero para as famílias e para as escolas”, disse Filinto Lima.
MP abre inquérito a morte de criança de seis anos O Ministério Público confirmou ontem a abertura de um inquérito à morte de uma criança de seis anos no Hospital de Santa Maria no último domingo, vítima de paragem cardiorespiratória uma semana após ter feito a vacina da covid-19, tendo apresentado também teste positivo para o SARS-CoV-2. As causas de morte estão a ser investigadas com a autópsia a cargo do Instituto Nacional de Medicina Legal.
O Hospital, que notificou a morte ao Infarmed como suspeita de reação adversa, não confirma que o menino se pode ter engasgado com um objeto, o que foi noticiado pelo Expresso. Fonte hospitalar do Centro Hospitalar Lisboa Norte disse ao i que as causas de morte estão em investigação, pedindo que se respeite a dor dos pais.
A nível europeu estavam reportadas até dia 15 de janeiro 579 suspeitas de reações adversas à vacina da Pfizer no grupo dos 3 aos 11 anos. Cerca de 200 notificações dizem respeito a quadros graves, que acabam por ser frequentemente mais reportados do que reações ligeiras. Na base de dados europeia EudraVigilance encontram-se referências a três mortes reportadas neste grupo etário após a vacina da Pfizer, dois casos de reação anafilática fatal e um caso de morte por causa indeterminada com suspeita de covid-19. Na segunda-feira, o Infarmed indicou que a morte da criança no Santa Maria está a ser analisada na Unidade Regional de Farmacovigilância de Lisboa, investigação que precede a comunicação a nível europeu.