"Olá sou o G tenho 6 anos fui agredido várias vezes pelos meu colegas da escola. Com várias idas ao hospital uma das agressões deixaram-me ferido. Tive muitas dores e chorei muito, fiquei com os genitais feridos, apertavam-me o pescoço até ficar sem ar, partiam o meu lanche e eu ficava sem comer, pontapés, murros no nariz até ficar a sangrar".
Foi desta forma que os pais do pequeno G., de seis anos – então estudante do 1.º ano no Centro Escolar de Olaia e Paço do Agrupamento de Escolas Gil Paes, em Torres Novas -, deram início à descrição da campanha de angariação de fundos que iniciaram a 23 de dezembro com o auxílio da ativista dos direitos humanos Francisca de Magalhães Barros. Em menos de um mês, superaram a meta estipulada e obtiveram 2.830 euros (o valor definido era de 2 mil euros).
"Tive muito medo sentia-me sozinho. Perdi os amigos que tinha naquela escola porque me tentava isolar. Os meus pais sempre tentaram chegar à fala na escola para resolver o meu problema mas sempre sem conseguir, até sair uma notícia sobre mim", lê-se, sendo que a mesma foi publicada, no dia 8 de dezembro, pelo Nascer do SOL.
"Fui buscá-lo e despi-o para lhe dar banho. Quando olhei para os boxers, estavam com sangue. E perguntei-lhe o que tinha acontecido. Quando ele puxou a pele do pénis para trás, estava tudo em ferida. Agarrei nele, enfiei-o no carro e fomos imediatamente para o hospital”, contou, à época, Inês Quintela. A pediatra que viu G. prescreveu-lhe medicação e disse que, por ela, avançava com uma queixa. “Comecei a chorar e a pedir-lhe para não fazer isso. E prometi que ia falar com a escola”, explicou a mãe da criança, deixando claro que o menino já havia sido vítima de mais agressões.
"Quando os meus pais pensavam que se ia resolver, parece que ainda ficou pior. Emagreci muito, tive crises de diarreia e vómitos. Entretanto mudei de escola, os livros e os materiais escolares os meus pais já compraram para a escola nova. Mas preciso muito de acompanhamento psicológico, os meus pais precisam de ajuda! Cada consulta de pedopsiquiatria tem o custo de 120 euros. Podes ajudar-me? Obrigado", é possível ler no final do apelo que mobilizou, até às 15h30 desta quinta-feira, 172 pessoas que decidiram auxiliar a criança agredida a investir na preservação da sua saúde mental.
Tal aconteceu, na ótica de Francisca, que também desempenha funções enquanto cronista e pintora, porque "ninguém ficou indiferente perante um assunto sensível e aqui a prioridade é a recuperação de crianças traumatizadas após aparentemente terem sido vítimas de bullying".
"Este é o meu último gofundme. Ajudar as pessoas e chamar a atenção para os seus problemas é e sempre foi a minha grande missão!", garante a jovem que, em colaboração com o Nascer do SOL, denunciou mais casos semelhantes ao de G.: como os de Luís Santiago – de 12 anos, foi brutalmente agredido no Agrupamento de Escolas Madeira Torres, em Torres Vedras, ao ponto de ser internado no Hospital de Santa Maria – e "Ana" – menina de 10 anos que frequenta a Escola Básica e Secundária de Gama Barros, no Cacém, e tem sido frequentemente alvo de violência por parte dos colegas por lutar contra as dificuldades de aprendizagem, na medida em que sofre de Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção.
Se quiser ajudar G. a pagar mais consultas – as dos próximos seis meses já estão asseguradas -, pode fazer o seu donativo aqui.